IGREJA PEDE FIM DA REPRESSÃO A MANIFESTANTES NA BOLÍVIA
La Paz, 27 set (RV) - A Conferência Episcopal da Bolívia confirmou ontem a
morte de uma criança na violenta repressão policial a uma manifestação de indígenas
que protestavam contra uma estrada que atravessará uma reserva natural. É o terceiro
menor que perde a vida durante as manifestações.
Em comunicado, os bispos
lamentaram a “morte de outra criança, o número de feridos, a situação dos que estiveram
detidos e o paradeiro dos desaparecidos”. A Conferência Episcopal pediu ao governo
que garanta os direitos dessas pessoas.
A Conferência Episcopal lamentou que
o governo Morales “tenha recorrido à violência, renunciando ao diálogo como caminho
de soluções pacíficas e acordadas”.
Com manifestações, bloqueios de estradas
e greves de fome em toda Bolívia, as etnias amazônicas bolivianas protestam por não
concordar que a estrada atravesse o Território Indígena Parque Nacional Isiboro Sécure
(Tipnis), reserva natural de 1,2 milhões de hectares. Os indígenas temem que a reserva
seja destruída por madeireiros e produtores de coca, planta base para fabricar cocaína.
Os bispos condenam a repressão do protesto, porque de acordo com relatórios
de seus agentes pastorais, a Polícia agiu quando os indígenas estavam desprotegidos.
O Episcopado pede a Morales que renuncie ao caminho da repressão, perseguição e violência
- que não solucionam os problemas - e demonstre com ações coerentes que escuta e defende
os direitos dos bolivianos, especialmente das pessoas mais pobres e vulneráveis.
Após
um fim de semana de tensão entre setores indígenas e o governo do Presidente da Bolívia,
Evo Morales, a ministra da Defesa boliviana, Cecília Chacón, renunciou ao cargo nesta
segunda-feira, por não concordar com “a intervenção feita pelo governo” na manifestação
realizada pelos indígenas, em La Paz.
Neste domingo, cerca de 500 policiais
usaram gás lacrimogêneo para dispersar o protesto, que terminou com “vários presos”,
que, segundo a imprensa local, foram colocados em ônibus para serem levados de volta
para suas comunidades.
A rodovia amazônica teria cerca de 300 km e um custo
aproximado de US$ 420 milhões, financiados com recursos brasileiros, segundo o governo
Morales.
Em nota, o Itamaraty afirmou ter recebido com preocupação a notícia
sobre os distúrbios e disse ter confiança no governo e em diferentes setores do país
para buscarem diálogo e favorecer a negociação sobre o traçado da rodovia. (CM)