2011-09-27 12:19:04

IGREJA PEDE FIM DA REPRESSÃO A MANIFESTANTES NA BOLÍVIA


La Paz, 27 set (RV) - A Conferência Episcopal da Bolívia confirmou ontem a morte de uma criança na violenta repressão policial a uma manifestação de indígenas que protestavam contra uma estrada que atravessará uma reserva natural. É o terceiro menor que perde a vida durante as manifestações.

Em comunicado, os bispos lamentaram a “morte de outra criança, o número de feridos, a situação dos que estiveram detidos e o paradeiro dos desaparecidos”. A Conferência Episcopal pediu ao governo que garanta os direitos dessas pessoas.

A Conferência Episcopal lamentou que o governo Morales “tenha recorrido à violência, renunciando ao diálogo como caminho de soluções pacíficas e acordadas”.

Com manifestações, bloqueios de estradas e greves de fome em toda Bolívia, as etnias amazônicas bolivianas protestam por não concordar que a estrada atravesse o Território Indígena Parque Nacional Isiboro Sécure (Tipnis), reserva natural de 1,2 milhões de hectares. Os indígenas temem que a reserva seja destruída por madeireiros e produtores de coca, planta base para fabricar cocaína.

Os bispos condenam a repressão do protesto, porque de acordo com relatórios de seus agentes pastorais, a Polícia agiu quando os indígenas estavam desprotegidos. O Episcopado pede a Morales que renuncie ao caminho da repressão, perseguição e violência - que não solucionam os problemas - e demonstre com ações coerentes que escuta e defende os direitos dos bolivianos, especialmente das pessoas mais pobres e vulneráveis.

Após um fim de semana de tensão entre setores indígenas e o governo do Presidente da Bolívia, Evo Morales, a ministra da Defesa boliviana, Cecília Chacón, renunciou ao cargo nesta segunda-feira, por não concordar com “a intervenção feita pelo governo” na manifestação realizada pelos indígenas, em La Paz.

Neste domingo, cerca de 500 policiais usaram gás lacrimogêneo para dispersar o protesto, que terminou com “vários presos”, que, segundo a imprensa local, foram colocados em ônibus para serem levados de volta para suas comunidades.

A rodovia amazônica teria cerca de 300 km e um custo aproximado de US$ 420 milhões, financiados com recursos brasileiros, segundo o governo Morales.

Em nota, o Itamaraty afirmou ter recebido com preocupação a notícia sobre os distúrbios e disse ter confiança no governo e em diferentes setores do país para buscarem diálogo e favorecer a negociação sobre o traçado da rodovia.
(CM)








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