Tóquio, 27 set (RV) – O Japão continua tendo de lidar com as consequências
do desastre nuclear de Fukushima. Seis meses após a catástrofe, os traços de radioatividade
se multiplicam na agricultura e, portanto, na cadeia alimentar. Há alguns semanas,
a água potável na capital Tóquio deu sinais alarmantes, seguida por posteriores problemas
constatados nas plantações de chá. Dessa vez, é o arroz plantado no país que dá sinais
de radiação, e isso pode trazer consequências ainda mais sérias tanto para a saúde
da população, quanto para a economia do país.
Os primeiros exames do Ministério
da Agricultura japonês indicam um nível de césio radioativo de 500 becquerels por
quilo de arroz, em uma mostra recolhida em plantações de Nihonmatsu, que fica a 56
quilômetros a oeste da central nuclear de Fukushima.
Esse é o grau máximo
de radiação que se pode alcançar, se for constatado um aumento nesse número a comercialização
do produto será interrompida. E já existem rumores de especulação com o preço do arroz
das colheitas passadas. A imprensa japonesa fala mesmo de crise do arroz.
É
que o arroz no Japão é tão consumido quanto o pão no mundo cristão, e como tal é mais
que um alimento, pois tem também um valor religioso. Para se ter ideia, a cada 23
de Novembro, o imperador participava de uma cerimônia na qual compartilhava a primeira
colheita de arroz do ano com as divindades. Os "deuses" talvez não aceitem o arroz
radioativo. (ED)