Nova Délhi, 26 set (RV) – Mais de quatro mil episódios de violência em quatro
anos, 648 mortos e 11 mil feridos em 24 Estados da federação indiana: são os números
divulgados pelos bispos indianos sobre a violência contra as minorias religiosas do
país. A denúncia é feita no momento em que o National Advisory Council publica um
novo esboço do projeto de lei que pretende prevenir a violência entre as comunidades
e tutelar as minorias étnicas, religiosas e culturais.
Como explica à Agência
Fides o porta-voz da Conferência Episcopal, Padre Babu Joseph Karakombil, o novo documento
(intitulado Prevention of Communal and Targeted Violence Bill, 2011) pretende "criar
um quadro legislativo justo para prevenir, controlar e bloquear a violência sectária,
que tanto sofrimento causou à nação nos últimos anos".
Além disso, o texto
legislativo prevê assistência e ressarcimento às vítimas, e por isso "representa um
instrumento útil para construir a harmonia e a paz social na Índia". Esta posição
é partilhada por Igrejas e comunidades religiosas minoritárias, organizações que tutelam
os direitos humanos, associações que trabalham pela legalidade e o Estado de direito.
Esta lei, no entanto, é rejeitada pelos partidos de oposição, guiados pelo Baratija
Janata Party, partido nacionalista hindu e patrocinador de movimentos extremistas
hinduístas, que estão na origem das violências.
Enquanto o debate esquenta
o país, os bispos forneceram um quadro estatístico que resume as violências, para
dar uma idéia da amplitude e densidade do fenômeno: "Os números devem ter um peso
no debate atual, para evidenciar a urgência da lei", salienta o Padre Babu.
O
período analisado é o quadriênio 2005-2009: nesse período, 648 pessoas foram mortas,
11.278 feridas, em 4.030 casos de violência contra as minorias. Em média, foram 130
mortos e 2,2 mil feridos por ano. Os casos se verificaram em 24 Estados, dos 35 que
compõem a União (estão ausentes os Estados da região nordeste). O número mais alto
de episódios de violência se registra em Maharashtra (700), seguido de Madhya Pradesh
(666) e Uttar Pradesh (645). (BF)