CPLP DEVERIA ABRIR ESPAÇO A MEMBROS DE OUTRAS LÍNGUAS, DEFENDE PRESIDENTE DE MOÇAMBIQUE
Cidade do Vaticano,
26 set (RV) - A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), deveria analisar
o pedido de adesão de nações que não falam o idioma. A opinião é do Presidente de
Moçambique, Armando Guebuza.
Segundo ele, o interesse no bloco é positivo,
mas a entrada de países não-lusófonos poderia representar uma mudança nos rumos da
Comunidade no que diz respeito à identidade do grupo. Os oito membros atuais da organização
têm em comum a mesma língua, falada por 245 milhões de pessoas das Américas à Ásia.
Numa
entrevista exclusiva à Rádio ONU, Armando Guebuza lembrou que ao assumir a presidência
rotativa da CPLP, no próximo ano, Moçambique deve dar continuidade ao trabalho que
Angola está fazendo à frente da Organização. E comentou o interesse de países que
não falam português pela Organização.
“O interesse dos vários países não há
dúvidas de que é positivo. Mas se eles entram para uma Organização de oito países
e daí mais oito de fora, então o problema é termos que saber: será isto que nós queremos?
Não se intuirá a nossa identidade nesse mesmo processo? Nós temos que refletir sobre
isso. Precisamos de muitas cabeças, infelizmente. Os povos da nossa organização pensam
muito sobre aspectos relacionados a isso, mas o certo é que temos que pensar”, afirmou.
Ao
comentar a identidade lusófona que une os países da CPLP, Guebuza citou o Acordo Ortográfico,
que já foi implementado pelo Brasil, e em parte por Portugal. Ele disse que Moçambique
está estudando a implementação do tratado. Mas segundo ele, este é um tema que talvez
não diga respeito aos países que não falam o idioma, mas que se interessam pela Comunidade
“Esses
países que pretendem entrar, que interesses terão no acordo ortográfico? Talvez tenham,
talvez não. Ou melhor, talvez alguns especialistas na área possam ter. Mas isso é
um problema que mexe com todos os países da CPLP. Se vierem os outros, estarão interessados?
Será igualmente importante? Veremos. Portanto, aquilo que eu diria essencialmente
é: é bom que haja interesse de fora para entrarem para a CPLP. Mostra que a nossa
organização é muito importante para eles também. Mas não sei se será igualmente bom
que esses outros entrem para a nossa organização, sem por em causa alguns elementos
fundamentais que nos unem”, disse.
De acordo com a CPLP, entre os países que
estão interessados em participar do bloco estão a Guiné-Equatorial, que já fez do
português língua oficial da nação, Senegal, Ilhas Maurício, Ucrânia e Austrália que
já manifestaram a vontade de acompanhar os trabalhos do grupo com status de observadores
ou membros associados. (ONU-RB)