BENTO XVI CELEBRA A SANTA MISSA EM FRIBURGO: "DIANTE DE DEUS NÃO CONTAM AS PALAVRAS,
MAS O AGIR"
Friburgo, 25 set (RV) – Diante de Deus “não contam as palavras, mas o agir,
a ação de conversão e de fé”. Assim, Bento XVI comentou a parábola dos dois filhos
convidados pelo pai a trabalhar na vinha, no Evangelho de Mateus. Diante de uma multidão
de quase cem mil fiéis, com os bispos provenientes de todas as dioceses da Alemanha,
o Papa presidiu nesta manhã no aeroporto de Friburgo a Santa Missa e a oração do Angelus
no último dia desta 21ª viagem apostólica.
“Não são as palavras que contam,
mas o agir, os atos de conversão e de fé”. O perigo é o de uma “religiosidade rotineira”,
em que “Deus já não inquieta”. Ora – segundo as palavras de Jesus, traduzidas em linguagem
do nosso tempo - “os fiéis rotineiros, que na Igreja já só conseguem ver o aparato,
sem que o seu coração seja tocado pela fé” estão mais longe do Reino de Deus do que
“agnósticos que se mantêm inquietos por causa da questão de Deus” e do que “pessoas
que sofrem por causa dos nossos pecados e sentem desejo dum coração puro”. É importante
que a palavra de Jesus nos “abale” a todos, considera o Papa. Em última análise, a
renovação da Igreja só poderá realizar-se através da disponibilidade à conversão e
duma fé renovada”.
“A palavra de Jesus deve fazer-nos refletir; antes,
deve abalar a todos nós. Isto, porém, não significa de modo algum que todos quantos
vivem na Igreja e trabalham para ela se devam considerar distantes de Jesus e do Reino
de Deus. Absolutamente, não! Antes, este é o momento bom para dizer uma palavra de
profunda gratidão a tantos colaboradores, contratados ou voluntários, sem os quais
a vida nas paróquias e na Igreja inteira seria impensável”.
Misteriosamente,
por detrás dos dois filhos da parábola do Evangelho deste dia, perfila-se um terceiro
filho – observou o Papa, referindo a Jesus, “o Filho Unigênito de Deus, que aqui nos
reuniu a todos”. Como tão bem exprime a Leitura aos Filipenses, em humildade e obediência,
Jesus cumpriu a vontade do Pai, morreu na cruz pelos seus irmãos e irmãs e redimiu-nos
da nossa soberba e obstinação. É Jesus o ponto de referência para todos os cristãos,
o critério permanente para a Igreja. “A vida cristã deve medir-se continuamente pela
de Cristo: Tende entre vós os mesmos sentimentos que havia em Cristo Jesus”.
“Queridos
amigos, com Paulo ouso exortar-vos: Tornai plena a minha alegria, permanecendo firmemente
unidos em Cristo! A Igreja na Alemanha vencerá os grandes desafios do presente e do
futuro e continuará a ser fermento na sociedade, se os sacerdotes, as pessoas consagradas
e os leigos que acreditam em Cristo, na fidelidade à vocação específica de cada um,
colaborarem em unidade; se as paróquias, as comunidades e os movimentos se apoiarem
e enriquecerem mutuamente; se os baptizados e os crismados, em união com o Bispo,
mantiverem alta a chama de uma fé intacta e, por ela, deixarem iluminar a riqueza
dos seus conhecimentos e capacidades”.
A Igreja na Alemanha continuará
a ser uma bênção para a comunidade católica mundial, - sublinhou Bento XVI - se permanecer
fielmente unida aos Sucessores de São Pedro e dos Apóstolos, se tiver a peito de variados
modos a cooperação com os países de missão e se nisto se deixar «contagiar» pela alegria
na fé das jovens Igrejas.
E o Papa concluiu, referindo outro apelo de São Paulo
aos Filipenses, à humildade. “A vida cristã – sublinhou - é uma «existência-para»:
um viver para o outro, um compromisso humilde a favor do próximo e do bem comum”.
“Amados
fiéis, a humildade é uma virtude que hoje não goza de grande estima. Mas os discípulos
do Senhor sabem que esta virtude é, por assim dizer, o óleo que torna fecundos os
processos de diálogo, fácil a colaboração e cordial a unidade. Humilitas, a palavra
latina donde deriva «humildade», tem a ver com humus, isto é, com a aderência à terra,
à realidade. As pessoas humildes vivem com ambos os pés na terra; mas sobretudo escutam
Cristo, a Palavra de Deus, que ininterruptamente renova a Igreja e cada um dos seus
membros”. (SP)