EDITORIAL: MAIS UM DEGRAU NO LONGO CAMINHO DO ECUMENISMO
Cidade
do Vaticano, 24 set (RV) – Desde a última quinta-feira o Papa Bento XVI visita
a sua terra natal no âmbito da 21ª viagem internacional de seu pontificado, a de número
3 à Alemanha, com o lema “Onde estiver Deus, há futuro”. A expectativa pela viagem
de Bento XVI à Alemanha esteve circundada por altos e baixos no que dizia respeito
à participação dos fiéis è às propagadas contestações. Resultado: grande afeto dos
alemães e pequenas contestações. A imprensa da Alemanha sublinha nos seus editoriais
dos últimos dias que a viagem do Papa Bento XVI ao país não está sendo fácil, mas
que ele está encarando a ocasião com determinação e empenho. E lendo os artigos que
analisam seus discursos, principalmente ao Bundestag – o Parlamento alemão – podemos
notar o grande consenso ao redor das palavras do Sucessor de Pedro: unânimes afirmam,
Joseph Ratzinger fez “um grande discurso” no qual sustentou que “a política precisa
de mais moral”. Outros afirmam que o Papa deu uma “Benção para os verdes”, quando
falou de ecologia, e outros ainda, “entre nós está um missionário da razão”. Mas
o que chama a atenção também nesta viagem é a celebração ecumênica junto com representantes
da Igreja Luterana no ex-convento Agostiniano de Erfurt, local onde Martinho Lutero
se formou e foi ordenado sacerdote, antes de romper com Roma. Há muita coisa que separa
católicos de protestantes, mas é mais importante focar aquilo que nos une, recordou
Bento XVI. Com palavras francas, e sem disfarçar tudo aquilo que separa as diferentes
igrejas cristãs, o Papa elencou tudo aquilo que as une e falou da necessidade de construir
o diálogo com base nessas crenças comuns para dar testemunho ao mundo. A primeira
coisa e mais importante para o ecumenismo é ter em vista aquilo que temos em comum.
O erro da época da reforma foi que, na sua maior parte, apenas conseguíamos ver aquilo
que nos separava e não fomos capazes de nos agarrarmos ao que temos em comum”, disse
o Papa. Bento XVI puxa a responsabilidade pela cisão para os dois lados. Durante a
celebração ecumênica o Papa foi mais explícito ao falar do que une Católicos e Luteranos:
“A unidade fundamental consiste no fato de acreditarmos em Deus, Pai onipotente, Criador
do céu e da terra; de O confessarmos como Deus trinitário – Pai, Filho e Espírito
Santo. A unidade suprema não é solidão, mas unidade através do amor. E como resposta
às afirmações de Bento XVI a voz da Igreja Protestante: “Estamos contentes com o que
já existe, mas queremos ir mais longe”, disse numa coletiva de imprensa Nicholas Schneider,
presidente do Conselho da Igreja Evangélica alemã. Schneider considerou a visita e
o encontro muito importantes, destacando o fato de Bento XVI ter valorizado as interrogações
de Martinho Lutero sobre a misericórdia de Deus, porque isso remete para o essencial
do caminho ecumênico, a fé. “Não nos reunimos para assinar um tratado bilateral mas
para embarcar no mesmo percurso. Não é numa hora e meia que se ultrapassa séculos
de divisão”. “Avançamos muito desde o concílio Vaticano II, mas hoje subimos um novo
degrau no caminho da unidade”, afirmou. E neste espírito o presidente do Conselho
da Igreja Evangélica convidou Bento XVI a participar nas celebrações dos quinhentos
anos da reforma, no ano de 2017. Como podemos notar o diálogo e o caminho ecumênico
continuam. (Silvonei José)