Bento XVI insistiu no espaço público para a religião e manifestou o desejo de um compromisso
comum dos cristãos em matérias como a família ou a proteção da vida humana
(24/9/2011) Bento XVI encontrou-se hoje com representantes das Igrejas Ortodoxas
na Alemanha, tendo alertado para a “tendência atual” segundo a qual “não poucas pessoas
querem, por assim dizer, «libertar» a vida pública de Deus”. “O empenho comum dos
cristãos, entre os quais se contam muitos fiéis ortodoxos e ortodoxos orientais, dá
uma contribuição preciosa para a edificação duma sociedade que possa ter um futuro,
na qual se presta o devido respeito à pessoa humana”, justificou. Num discurso
proferido no seminário de Friburgo, o Papa disse que “as Igrejas cristãs na Alemanha
– entre as quais se contam também os cristãos ortodoxos e ortodoxos orientais –, com
base na fé no único Deus e Pai de todos os homens, caminham juntas pelo caminho de
um testemunho pacífico a favor da compreensão e da comunhão entre os povos”. Bento
XVI retomou um apelo que tem repetido, em solo germânico, pela “proteção da vida humana
desde a sua conceção até à sua morte natural”, antes de afirmar a “veemente oposição”
dos cristãos a qualquer “intervenção manipuladora e seletiva da vida humana”. “Além
disso, conhecendo como cristãos o valor do matrimónio e da família, temos muito a
peito, como realidade importante, proteger a integridade e a singularidade do matrimónio
entre um homem e uma mulher de toda a interpretação errónea”, acrescentou. O Papa
saudou em particular o Metropolita Augoustinos, presidente da Conferência Episcopal
Ortodoxa na Alemanha, agradecendo as “suas palavras cheias de confiança”. “Entre
as Igrejas e as comunidades cristãs, a Ortodoxia é teologicamente a que está mais
próxima de nós; católicos e ortodoxos têm ambos a mesma estrutura da Igreja dos primórdios”,
disse. Neste contexto, o discurso papal citou uma passagem da entrevista concedida
ao jornalista Peter Seewald, no livro 'Luz do Mundo': "Podemos esperar que não esteja
demasiado longe o dia em que poderemos de novo celebrar juntos a Eucaristia". Sublinhando
o desenvolvimento das comunidades ortodoxas na Europa ocidental - cerca de um milhão
e seiscentos mil cristãos ortodoxos na Alemanha – Bento XVI disse que os mesmos se
“tornaram parte constitutiva da sociedade, contribuindo para tornar mais vivo o património
das culturas cristãs e da fé cristã”. O discurso papal apelou à superação das “diferenças
teológicas”, sobretudo na “questão do primado” [a missão e jurisdição universais do
Papa, enquanto bispo de Roma, sobre toda a Igreja]. No final deste encontro, Bento
XVI reúne-se com cerca de 60 seminaristas da diocese de Friburgo, para um momento
de oração, na capela do seminário local. (Saudação integral do Papa em Viagens
apostolicas)