Friburgo,
24 set (RV) – A Igreja na Alemanha, como em muitos países da Europa, sofre as
consequências da secularização e continua perdendo fiéis. Há uma dificuldade persistente
de manter os jovens engajados e participes das comunidade. Há também uma grave carência
de sacerdotes e a presença de padres vindos do exterior para enfrentar este desafio
é sempre mais preciosa.
Nesta cidade, raro caso na Alemanha em que os católicos
são maioria na população, vive o padre brasileiro Tarcisio Darros Feldhaus, dehoniano.
Com dois anos e meio de experiência em uma paróquia, ele constatou de perto esta situação.
Em entrevista concedida nos estúdios da RV em Friburgo, Pe. Tarcísio revela:
“Passei
uma semana agora com os jovens, fazendo retiro; jovens que vivem sua fé, que se encontram,
que vibram com a Igreja e com o Papa. Todos os jovens da Alemanha são assim? Não,
não são, mas há grupos que vivem a sua é de forma muito, muito bonita. Na paróquia
onde eu atuo nós temos a presença dos jovens até a idade da crisma. Depois, a maior
parte deles, como também no Brasil, desaparecem da Igreja, voltando a procura-la na
idade do casamento. Alguns permanecem engajados com toda certeza, temos lideranças
muito bonitas e engajadas. Esta é a experiência que eu vivo na paróquia.
Muitas
famílias perderam o contato com a Igreja, deixam os filhos escolher se praticar a
religião ou não, se vão fazer a primeira comunhão, a crisma, é opção delas. Temos
também crianças que vêm para a primeira comunhão sem serem batizadas. Por que? Porque
o coleguinha está participando da catequese ou vai começar a participar e está empolgado
com isso. Então, porque são amigos ele pede para ir junto, e o padre tem que ir conversar
com a família, para ver se a família autoriza a criança a fazer a catequese ou não,
embora os pais sejam católicos.
O exemplo dos pais é fundamental. Aonde os
pais não têm afluência de presença na Igreja, de visita à Igreja, de participar dominicalmente
ou semanalmente da Eucaristia, os filhos não vão. Se eles não aprenderam, terão dificuldade
em encontrar alguém que os encaminhe. Mesmo quando os pais os encaminham, surgem os
questionamentos dos relacionamentos com os amigos, da sociedade onde eles estão inseridos,
dos colegas que não vão à missa, dos colegas que não vão à missa, que têm outros programas
ou que ficam mais tarde aos sábados em baladas ou outros programas e no domingo, na
hora de levantar, não vão. Tendo oferta de missa mais tarde, aparecem outros programas.
Então, no passado, era mais fácil para a Igreja neste sentido, porque o evento na
comunidade, muitas vezes, era a missa, era o local onde a comunidade se encontrava.
Hoje existe uma gama enorme de ofertas, de possibilidades do que se fazer, de lazer
e tudo mais. Para o jovem, comparar a missa com um bocado de programas e oportunidades,
os outros programas acabam sendo mais interessantes, lamentavelmente. Somam-se portanto
dois fatores: a questão da subjetividade, da individualidade de cada um e o exemplo
dos pais. Quando os filhos não o recebem dos pais, eles fatalmente terão muitas dificuldade
em se encontrar com a Igreja”. (CM)