PAPA: DIÁLOGO ENTRE JUDEUS E CRISTÃOS DEVE REFORÇAR ESPERANÇA COMUM EM DEUS
Berlim, 22 set (RV) - Bento XVI encontra-se na Alemanha em sua 21ª viagem apostólica
internacional.
Na tarde desta quinta-feira, após discursar no Parlamento,
o Papa encontrou-se com os representantes da comunidade judaica no Reichstag de Berlim.
Em seu discurso, Bento XVI chamou a atenção para o patrimônio de fé comum
entre judeus e católicos, reiterando que "o povo judeu e a Igreja Católica têm em
comum uma parte não irrelevante de suas tradições fundamentais. Ao mesmo tempo, todos
nós sabemos bem que uma comunhão benévola e compreensiva entre Israel e a Igreja,
no mútuo respeito pelo ser do outro, deve crescer mais e ser incluída profundamente
no anúncio da fé".
O Papa recordou que esse encontro se realiza "num lugar
central da memória, de uma memória pavorosa: a partir daqui foi projetada e organizada
a Shoah, a eliminação dos judeus da Europa".
"O onipotente Adolf Hitler era
um ídolo pagão, que queria colocar-se como substituto do Deus bíblico, Criador e Pai
de todos os homens. Com a recusa do respeito a este Deus único, perde-se sempre também
o respeito pela dignidade do homem. E do que seja capaz o homem que recusa Deus e
qual semblante possa assumir um povo no não a tal Deus, nos revelaram as horríveis
imagens provenientes dos campos de concentração no fim da guerra" - sublinhou o Pontífice.
Bento
XVI chamou a tomar cada vez mais consciência "do nosso parentesco interior com o judaísmo.
Para os cristãos, não pode haver uma quebra no evento salvífico".
O Pontífice
convidou judeus e cristãos a dialogarem a fim de compreenderem a vontade e a Palavra
de Deus. "Numa sociedade cada vez mais secularizada, este diálogo deve reforçar a
esperança comum em Deus. Sem tal esperança, a sociedade perde a sua humanidade" –
frisou o Papa.
Bento XVI ressaltou ainda que o diálogo entre católicos e judeus
na Alemanha produziu frutos promissores. "Relações duradouras e confiantes se desenvolveram.
Certamente, judeus e cristãos têm uma responsabilidade comum no progresso da sociedade,
que também possui uma dimensão religiosa. Possam todos os interessados continuar juntos
este caminho" – concluiu o Papa.
A comunidade judaica de Köln é a mais antiga
da Alemanha e do centro-norte da Europa. A história dos judeus alemães é marcada por
várias perseguições cuja mais terrível foi o Holocausto em que perderam a vida cerca
de 6 milhões judeus deportados e mortos nos campos de extermínio pelo regime nazista.
Existem hoje na Alemanha cerca de cento e cinco mil judeus distribuídos em cento e
oito comunidades espalhadas pelo país. (MJ)