Responsáveis da Santa Sé esperam «reconciliação plena» com lefebvrianos após décadas
de separação
(15/9/2011) Os líderes da Fraternidade São Pio X (FSPX), fundada pelo falecido arcebispo
Lefèbvre, estiveram reunidos no Vaticano com os responsáveis da Congregação para
a Doutrina da Fé, da Santa Sé, para debaterem um entendimento conjunto. “A Congregação
para a Doutrina da Fé toma como base fundamental para a plena reconciliação com a
Sé apostólica a aceitação do preâmbulo doutrinal que foi entregue [à FSPX]” esta manhã,
revela um comunicado da Santa Sé. Nesse documento, diz o Vaticano, enunciam-se
“certos princípios doutrinais e critérios de interpretação da doutrina católica necessários
para garantir a fidelidade ao magistério da Igreja”. Em março de 2009, Bento XVI
enviou uma carta aos bispos de todo o mundo, para explicar para explicar a remissão
das excomunhões de quatro bispos da Fraternidade São Pio X que tinham sido ordenados
pelo arcebispo Lefèbvre, sem mandato pontifício, no ano de 1988. Na altura, o Papa
escreveu que "enquanto a Fraternidade não tiver uma posição canónica na Igreja, também
os seus ministros não exercem ministérios legítimos na Igreja (...) enquanto as questões
relativas à doutrina não forem esclarecidas, a Fraternidade não possui qualquer estado
canónico na Igreja, e os seus ministros (...) não exercem de modo legítimo qualquer
ministério na Igreja". Os problemas que estão em cima da mesa dizem respeito, sobretudo,
à aceitação do Concílio Vaticano II (1962-1965) e do magistério pós-conciliar dos
Papas, como explicava o próprio Bento XVI. Na nota agora divulgada, a Santa Sé
deixa “abertos a uma legítima discussão o estudo e a explicação teológica de expressões
ou de formulações particulares presentes nos textos do Concílio Vaticano II e do magistério
que se seguiu”. “Foram propostos alguns elementos, tendo em vista uma solução
canónica para a Fraternidade Sacerdotal São Pio X, que se seguiria à eventual e esperada
reconciliação”. Por vontade de Bento XVI, uma comissão mista de estudos reuniu-se
por oito vezes desde outubro de 2009 a abril deste ano, para “clarificar as respetivas
posições e as suas motivações”.