Em Portugal, a Igreja propõe serviços paroquiais de ação social. Comissão Episcopal
lança documento de «indicações práticas» para enfrentar a crise
(15/9/2011) Em Portugal a Comissão Episcopal de Pastoral Social (CEPS), lançou
um conjunto de “indicações práticas”, apelando à criação de “serviços paroquiais de
ação social” em todo o país. “A grave crise social, que nos atinge, constitui um
forte apelo: a examinar e rever os modelos de resposta às dificuldades, a introduzir
ajustamentos e a proceder ao incremento de serviços de ação social em todas as comunidades
cristãs”, pode ler-se. O documento sublinha que as mais de 4300 paróquias, espalhadas
por todo o país, devem “desenhar um perfil adaptado às circunstâncias para o serviço
que coordene e anime a ação social no âmbito territorial correspondente”. Entre
as tarefas a realizar estão, por exemplo “recolher com discrição e precisão dados
sobre a realidade” e “cooperar na procura de soluções para os problemas das pessoas
que a paróquia acompanha, com as várias diligências necessárias, envolvendo outras
entidades públicas e privadas”. A CEPS considera que “a atual situação económica
e social reaviva a sensibilidade cristã e abana as consciências para serem expressão
coerente do amor salvífico de Deus pela humanidade”. O documento foi lançado num
momento em que decorre até quinta-feira, em Fátima, o 27.º Encontro da Pastoral Social,
subordinado ao tema «Desenvolvimento local, caridade global». “A gravíssima crise
conduz as comunidades cristãs a purificar a sua missão de testemunho do Evangelho”,
indica a comissão dos bispos portugueses para a área social. O texto pede uma “intervenção
sistemática junto dos centros de decisão, sempre a começar do mais próximo para o
central” e deixa um conjunto de “orientações estratégicas”, que começa pela “criação,
funcionamento e qualificação de um serviço paroquial de ação social, integrado por
voluntários e voluntárias”. “Não compete ao grupo de ação social ou à Caritas a
posse ou gestão de equipamentos sociais, pois com vocação para essa tarefa existem
Centros Sociais Paroquiais e Misericórdias, obras de Institutos religiosos, entre
outras”, indicam os bispos. A intenção destes grupos é “intervir, de modo sólido,
quer junto dos centros de decisão política para requerer resoluções e formular propostas
inovadoras, quer junto da opinião pública, mantendo posição de alerta, baseada na
visão cristã das situações”. A Igreja quer, assim, “proporcionar sempre as ajudas
possíveis às pessoas necessitadas, de modo personalizado e visando resposta global
e estruturada”. O documento lamenta o “desequilíbrio de atenção pastoral das comunidades
eclesiais, muito concentradas no culto,” afirmando que a responsabilidade pelo “serviço
fraterno” é “uma dimensão e tarefa de toda a comunidade”. “Conhecendo a tendência
da grande parte das instituições de ação social existentes para atender ao primeiro
objetivo de serviço às populações, deseja-se uma organicidade que não separe as dimensões
ou níveis de intervenção”, acrescenta a CEPS. Propondo como marcas da ação social
católica a proximidade, universalidade, radicalidade e gradualidade, estas “indicações
práticas” apelam a uma “intervenção na humanização das estruturas socioeconómicas,
políticas e culturais, seguindo os princípios da dignidade transcendente da pessoa
humana: bem comum, destino universal dos bens, subsidiariedade, participação e solidariedade