Tóquio, 12 set (RV) - "O inverno está chegando e será uma estação rígida. Portanto,
é essencial que o novo governo administre as ajudas e o assentamento dos desalojados
com mais velocidade e eficiência": com essas palavras o Diretor Executivo da Caritas
no Japão, Padre Daisuke Narui - citadas pela agência Fides -, apresenta ao novo governo
do premiê Yoshihiko Noda as expectativas e as esperanças na difícil fase de recuperação
para mais de 100 mil desalojados, passados seis meses do terremoto e do tsunami que
abalaram o Japão em 11 de março passado.
Segundo cifras da polícia nipônica,
o sismo causou a morte de 15.774 pessoas, além de 4.227 que ainda estão desaparecidas.
Mais de 410 mil estão desabrigadas, evacuadas das áreas atingidas pelo terremoto e
pelo tsunami, enquanto outras 84 mil pessoas tiveram que deixar as próprias casas
porque se encontravam na área da central nuclear de Fukushima, atingida pelo desastre.
Passados seis meses do sismo, cerca de 90 mil pessoas ainda estão em tendas
ou em alojamentos temporários, e 10 mil estão acampadas em escolas ou edifícios públicos.
Outras 15 mil não podem voltar para suas casas porque estão situadas dentro do raio
de 20 km em torno da central nuclear, declarada "zona radioativa".
“O primeiro
desafio – explica o Diretor da Caritas – é se preparar para enfrentar um inverno que
se anuncia rígido. Esperamos que o governo seja rápido e eficaz nos planos de financiamento
e de readaptação dos deslocados, porque o tempo está acabando”. O governo japonês
aprovou a criação de um fundo (cerca de 90 bilhões de euros) para o ressarcimento
de todos os danos, morais e materiais, causados à população pelo incidente nuclear.
“Da nossa parte – continua Padre Narui – a obra de ajuda da Caritas prossegue muito
bem. Enviamos mais de 15 mil voluntários para auxiliar os desabrigados, sobretudo
na área de Sendai, a mais atingida. Muitos deles puderam se transferir das tendas
para alojamentos temporários. Ajudamos pelo menos 10 mil pessoas, em várias maneiras,
com um auxílio material, mas também moral. Continuaremos a dar o nosso melhor”.
Uma
emergência na emergência é a das famílias que viviam nas proximidades da central atômica
de Fukushima. Pe. Darui nota: “Ali se vive no medo sobre o futuro. De um lado, existem
os deslocados que residiam no território até 20 km em torno da central. Para eles
se deve encontrar uma nova solução. Mas com medo das radiações, também muitas famílias,
com mães e crianças, abandonaram as casas nas áreas para além desse raio. A Caritas
enviou alguns voluntários também para a região de Fukushima: visitam as famílias e
escutam seus problemas, mas é o governo que deve fazer frente às suas necessidades”.
As escolas na Prefeitura da Fukushima (fora do raio de 20 km) reabriram as
portas, mas segundo estudos das organizações não-governamentais, o perigo de radiações
é sempre alto, especialmente para as crianças, portanto muitas famílias decidiram
se transferir. “Os cristãos no Japão – conclui Padre Darui – estão demonstrando nessa
emergência um grande esforço de solidariedade em ajudas concretas, nas doações em
dinheiro, nos voluntários, mas também com uma constante oração”. (SP)