DIOCESE DE RIO DO SUL É A MAIS ATINGIDA PELA ENCHENTE EM SANTA CATARINA
Cidade
do Vaticano, 12 set (RV) – Depois da tragédia de 2008, quando 138 pessoas morreram
por causa dos deslizamentos de terra provocados pela chuva, o Vale do Itajaí voltou
a ser castigado pela enchente. Em Blumenau, o nível do Rio Itajaí-Açú subiu mais de
12 metros, alagando cerca de 140 ruas da cidade. Nesta segunda-feira, as águas já
estão mais baixas, cerca de 6 metros. Contudo, a situação ainda é de calamidade pública
na vizinha Rio do Sul. De acordo com a Defesa Civil de Santa Catarina, quase 1 milhão
de pessoas foram afetadas pela enchente. Centenas ainda estão desabrigadas e 3 morreram
até agora. O Bispo de Blumenau, Dom José Negri, falou com a Rádio Vaticano.
“O
problema é que em 2008 foi uma enxurrada, então a chuva veio com tudo de uma só vez.
É por isso que tivemos muitas vítimas, mais de 100 vítimas somente aqui na nossa diocese,
no Baú Alto e no Baú Baixo. Agora, a chuva veio constantemente mas gradativamente,
portanto a Defesa Civil conseguiu alertar a população e em pouco tempo muitas pessoas
conseguiram salvar os seus bens. Desta vez o rio subiu muito mais que em 2008, mas
tivemos poucos deslizamentos.”
Em relação à ajuda da Igreja nesse caso,
como funciona?
“A Defesa Civil de Blumenau está muito bem organizada já
que as enchentes são recorrentes na região. Todos os salões das nossas igrejas foram
colocados à disposição. Infelizmente, nós tivemos uma paróquia que ficou totalmente
debaixo d’água, o Santuário de Nossa Senhora Aparecida. Inclusive os freis que moram
ali tiveram que subir no segundo andar para que a água não os atingisse. A população
sabe muito bem que aqui na nossa Igreja pode encontrar um amparo. Uma estatística
mostra que a maioria dos nossos abrigados não são da nossa Igreja, portanto é realmente
uma doação feita concretamente com amor e desinteresse”.
Como está Blumenau
hoje?
“O rio está baixo, a marcação dessa manhã era de 6,79 metros. Estamos
mais aliviados. Praticamente agora começa a segunda fase de reconstrução. Na realidade
os que estão mais sofrendo hoje são os moradores da diocese de Rio do Sul. Dom Augustinho
Petry, Bispo da diocese de Rio do Sul, me falou por telefone que cerca de 70% da população
ainda está ilhada. Portanto, eles estão numa situação ainda mais complicada que nós
aqui em Blumenau”.
Como estão as ações de ajuda da Igreja em Rio do Sul?
“O
problema é que em Rio do Sul as igrejas também foram atingidas. Na cidade de Rio do
Sul, quase todas as paróquias foram atingidas. Inclusive, um frei teve que subir no
terceiro andar e mesmo assim acabou sendo atingido pelas águas. Ele acabou sendo socorrido
por helicópteros. Hoje, Rio do Sul, está sofrendo muito mais que as outras cidades
do Vale do Itajaí”.
É possível fazer doações?
“Por enquanto,
por conta da emergência, nós não organizamos nada em nível de Caritas, mas todas as
paróquias estão de portas abertas. Inclusive nós tínhamos um Congresso Eucarístico
marcado para o dia 2 de outubro, que foi cancelado, e todas as coletas então serão
revertidas em favor dos desabrigados. Nós tivemos uma paróquia, em particular, onde
houve deslizamento em que dez casas foram soterradas e que, graças a Deus, as pessoas
já estavam fora de casa. Nós estamos monitorando as realidades através das paróquias
para fazer uma intevenção bem concreta onde houver necessidade”.