REFLEXÃO PARA O XXIV DOMINGO DO TEMPO COMUM: O ATO DE PERDOAR
Cidade do Vaticano,
11 set (RV) - O tema da liturgia deste domingo continua sendo o ato de perdoar,
agora refletido como necessidade para ser feliz.
O Livro do Eclesiástico nos
diz que: “O rancor e o ódio são coisas detestáveis; até o pecador procura dominá-las.”
“Quem se vingar encontrará a vingança do Senhor, que pedirá severas contas de seus
pecados.” Quando nos deixamos levar por esses sentimentos, não só não reparamos a
injustiça que nos atingiu, mas o mal irá se agravar. Sabemos que o homem verdeiramente
religioso perdoa, e isso garante sua relação com Deus porque Deus é misericórdia e
nos criou à sua imagem e semelhança. Fomos criados à imagem da misricórdia e do perdão.
“Se
não tem compaixão por seu semelhante, como poderá pedir perdão pelos próprios pecados?” O
mais humano, o mais racional é perdoar as injustiças cometidas contra nós, para que
Deus perdoe as nossas. O ódio, a vingança só acrescentam mágoas, dores e outros sentimentos
negativos, enquanto o perdão leva à vida, à reconstrução, à liberdade. O perdão abre
as portas ao diálogo, à possibilidade de aliança, “devolve ao outro o direito de ser
feliz”.
No Evangelho de hoje Jesus nos diz em “perdar setenta vezes sete” o
irmão, isto é, perdoar sempre.
Apesar de textos como o do Eclesiástico estarem
presentes no mundo judeu da época, era para todos muito difícil perdoar algumas faltas
e principalmente se eram cometidas várias vezes pela mesma pessoa. Também nós, alguns
milênios depois, temos as mesmas dificuldades. Pedro, nesse momento, representa toda
a Humanidade que pergunta ao Senhor quantas vezes deve-se perdoar.
Para o Mestre,
o perdão deve ser total e contínuo. Deve ser uma atitude, uma postura de vida. Para
isso ele nos ensina o Pai-Nosso que diz: “Perdoai as nossas ofensas, assim como perdoamos
aos que nos têm ofendido”.
Jesus conta uma parábola: um rei pediu que um de
seus empregados que lhe devia uma pequena fortuna lhe pagasse. Este, evidentemente,
jamais teria esse dinheiro e suplicou por perdão. O rei, compassivo, perdoou. Contudo
o empregado perdoado, ao sair da presença do rei, encontrou um companheiro que lhe
devia uma quantia pequena, cerca de três salários mínimos. Ele, simplesmente, agarrou
o companheiro pelo pescoço e exigiu o pagamento. Também esse fêz como ele. Ficou de
joelhos e pediu um tempo para pagar. Mas ele não agiu como o rei que lhe perdoara
a dívida, ao contrário, mandou prender o colega. Quando o rei soube do ocorrido, ficou
indignado e mandou prender o empregado, a quem chamou de servo mau e cruel. O rei
da parábola possuía misericórdia, enquanto seu empregado, não. Deus é esse rei
que nos perdoa todas as nossas imensas dívidas. Por isso devemos agir como Ele e perdoar
aos que nos devem. “Filho de peixe, peixinho é!” Deus nos fêz à Sua imagem e semelhança!
O
perdão é conatural ao ser humano, contudo, o não perdoar é antinatural, é desumano!
Desfigura o homem e a sociedade. Favorece o progresso da violência instaurando a cultura
da morte. Isso trás o inferno para o nosso dia a dia. Ao contrário, se somos humanos
e perdoamos, estamos trabalhando pela paz, pela nova sociedade, instaurando a Civilização
do Amor! (CAS)