ZARPA DE SANTA CATARINA NAVIO COM AJUDAS À SOMÁLIA
Florianópolis, 07 set (RV) - Parte hoje do porto de São Francisco do Sul, em
Santa Catarina, um navio com a primeira remessa de alimentos brasileiros doados ao
Chifre da África. São 204 contêineres, com 19 toneladas cada, em média, totalizando
4,5 mil toneladas.
Os milhares de sacos de feijão serão carregados no navio
MSC Marta. As informações são da Folha de São Paulo.
No final de julho, o governo
brasileiro anunciou que enviaria 38 mil toneladas de doações de alimentos para a Somália,
onde mais de 3,7 milhões de pessoas enfrentam uma crise de fome e a pior seca na região
em 60 anos.
“Cerca de 10 mil toneladas de alimentos brasileiros já estão sendo
embarcadas para o Chifre da África. O carregamento nos navios é um processo que pode
demorar semanas, mas a expectativa é de que até o final de setembro todo esse montante
tenha sido enviado” - afirmou por telefone Daniel Balaban, diretor representante do
PAM (Programa Mundial de Alimentos da ONU) no Brasil.
O envio dos alimentos
do Brasil à África levará cerca de 20 dias, o tempo para cruzar o Oceano Atlântico.
Com o apoio de navios mercantes, partindo de portos em Santa Catarina e no Rio Grande
do Sul, o Brasil enviará à África até o fim de setembro carregamentos de arroz, feijão,
milho, leite em pó e sementes.
Os números são recordes brasileiros em matéria
de ajuda humanitária internacional. É a primeira vez que o Brasil faz um envio de
alimentos à Somália e é a maior doação do tipo já realizada.
As entregas de
alimentos colocam o Brasil como o décimo maior doador de fundos humanitários para
a crise no chifre da África -região que compreende Somália, Quênia, Etiópia, Djibuti.
Na última lista da ONU, o país soma US$ 22 milhões em contribuição, em 2011. À frente
de potências como Alemanha, França e Suíça.
O navio brasileiro aporta em Mombaça,
no litoral do Quênia. De lá, a carga será enviada a campos de refugiados na fronteira
com a Somália. Mas não chegará ao sul da Somália, onde está a grande maioria dos famintos.
“O
PAM está proibido de entrar na Somália pelos rebeldes do Al Shabab - que controlam
a área - por isso não temos presença no sul do país” - admitiu Balaban.
Ontem,
o Presidente internacional da ONG Médicos Sem fronteiras (MSF), Unni Karunakara, afirmou
que é "quase impossível" ajudar os somalis que passam fome. O motivo principal seria
o número escasso de agências humanitárias trabalhando dentro da Somália.
Há
20 anos, reina a instabilidade política na Somália. Desde o fim do regime de Siad
Barré, em 1991, grupos radicais e clãs disputam o poder. Entre eles, está o Al Shabab,
ligado à rede Al Qaeda e considerado um grupo terrorista pelos EUA.
Um governo
central interino (GFT) foi estabelecido em 2004, com o apoio da ONU, mas não é reconhecido
pelas forças locais, nem pela população somali. (CM)