Porto Velho, 06 set (RV) - O Conselho Indigenista Missionário (Cimi), entidade
ligada à Igreja Católica, completou 30 anos de atuação em Rondônia. O início dos trabalhos,
em 1981, coincidiu com a implantação de um novo ciclo econômico e a chegada de uma
leva de migrantes que provocou um avanço significativo da colonização sobre os territórios
indígenas.
“Durante a sua trajetória de trabalho, o Cimi buscou incentivar
a organização dos indígenas para a defesa de seus direitos e também para que mantenham
sua cultura e religiosidade” - informa a coordenadora da entidade, Irmã Emília Altini.
O Cimi/RO conta com 13 missionários, que atuam nos municípios rondonienses
de Porto Velho, Ji-Paraná e Guajará-Mirim, e Humaitá, no Amazonas. Os missionários
atendem cerca de 12 mil índios de 55 etnias, que vivem em Rondônia, no sul do Amazonas
e no noroeste do Mato Grosso.
Grande parte dos povos que vivem na região conta
com associações ou outras entidades representativas, articuladas por meio da Comissão
do Movimento Indígena, que por sua vez está ligada a entidades nacionais e internacionais.
Empobrecidos e dependentes, os indígenas passam por sérias dificuldades de
sobrevivência e têm seus territórios tradicionais ameaçados pelas obras de infra-estrutura
– usinas hidrelétricas e rodovias – tocadas com recursos do Programa de Aceleração
do Crescimento (PAC) - lamenta a Irmã Emília Altini. “É mais um ciclo econômico que
ameaça os territórios tradicionais” . A missionária Maria Petrolina Neto explica
que os índios hoje necessitam de dinheiro: “O modo de vida tradicional destes povos
era nômade. Eles ficavam em uma região por determinado tempo e se mudavam quando a
caça e outros recursos escasseavam, para dar tempo para a natureza se recompor naturalmente.
Hoje eles não têm como fazer esta itinerância, porque vivem em espécies de ilhas,
rodeados por áreas colonizadas, e por isso precisam produzir para se alimentar e também
para ter uma fonte de renda”. (CM)