2011-09-01 11:23:06

TRABALHOS HUMANITÁRIOS NO CHIFRE DA ÁFRICA COMPLETAM DOIS MESES DESDE QUE A FOME FOI DECLARADA NA SOMÁLIA


RealAudioMP3
Roma, 1º set (RV) - Desde primeiro de julho, quando a fome foi declarada na Somália, milhares de pessoas chegam todos os dias aos campos de refugiados instalados na região. O Programa de Alimentação Mundial (PAM) é responsável pelo envio de alimentos aos campos de refugiados, onde atualmente vivem milhares de pessoas.

As crianças são as maiores vítimas da seca e as que precisam de maiores cuidados. Emília Casella, Coordenadora de Comunicação do Programa de Alimentação Mundial (PAM), explica o que acontece quando as famílias chegam aos campos.

“Por exemplo, quando uma família chega ao campo de refugiados de Dadaab, ela é registrada pela Agência das Nações Unidas para os Refugiados. Depois disso, a família recebe alimentos para três semanas, assim como biscoitos com alto valor nutritivo que podem ser comidos na hora”.

Então por três semanas as famílias tem o que comer?

“Sim. E se elas precisarem de mais comida ou se o processo de registro demorar demais eles recebem uma nova porção de alimentos”.

As famílias então podem ficar nos campos por mais de três semanas?

“Por causa do grande número de refugiados que chegam a Dadaab, como nós vimos as notícias de que 1.300 pessoas estavam chegando todos os dias, e isso continua acontecendo, existe uma grande pressão sobre o sistema de registros. Juntos, os campos de Dadaab formam o maior campode refugiados hoje no mundo. Então, quando as famílias são oficialmente registradas, elas ganham um cartão para retirar alimentos todos os meses”.

Apesar de todos os esforços, os conflitos entre as milícias e o governo fizeram com que os alimentos deixassem de chegar a algumas áreas da região do Chifre da África.

“Em certas áreas, algumas organizações humanitárias foram banidas. Nós mesmos do Programa de Alimentação Mundial tivemos que sair do Sul da Somália em janeiro do ano passado por causa de ameaças contra nossos colaboradores. Sem falar nas taxas não-oficiais que quiseram nos impôr e também que não empregássemos mulheres na nossa organização. Tudo isso, junto com a insegurança na região tornou nosso trabalho quase impossível. Desde 2008, o PAM teve 14 agentes mortos na Somália que, provavelmente é o lugar mais perigoso do mundo para se trabalhar”.


Não há previsão para que os trabalhos humanitários terminem no Chifre da África. Contudo, Casella aponta para uma situação positiva nesse cenário de fome e falta de esperança no futuro.


“Nós estamos trabalhando em programas de irrigação, programa para um melhor aproveitamento dos recursos naturais. Assim, os agricultores podem se recuperar do choque da seca prolongada. Nós já estávamos desenvolvendo estes projetos antes que a fome fosse declarada. Fizemos isso na Etiópia, em partes do Quênia e Uganda e bem sabemos que nessas áreas a fome não foi declarada. Infelizmente, em algumas partes da Somália, nós não pudemos trabalhar junto com os agricultores do mesmo modo, de forma a ajudálos a melhorar as técnicas e aumentar a produtividade. E, por causa disso, a situação na Somália piorou”, concluiu. (RB)







All the contents on this site are copyrighted ©.