TRABALHOS HUMANITÁRIOS NO CHIFRE DA ÁFRICA COMPLETAM DOIS MESES DESDE QUE A FOME FOI
DECLARADA NA SOMÁLIA
Roma,
1º set (RV) - Desde primeiro de julho, quando a fome foi declarada na Somália,
milhares de pessoas chegam todos os dias aos campos de refugiados instalados na região.
O Programa de Alimentação Mundial (PAM) é responsável pelo envio de alimentos aos
campos de refugiados, onde atualmente vivem milhares de pessoas.
As crianças
são as maiores vítimas da seca e as que precisam de maiores cuidados. Emília Casella,
Coordenadora de Comunicação do Programa de Alimentação Mundial (PAM), explica o que
acontece quando as famílias chegam aos campos.
“Por exemplo, quando uma família
chega ao campo de refugiados de Dadaab, ela é registrada pela Agência das Nações Unidas
para os Refugiados. Depois disso, a família recebe alimentos para três semanas, assim
como biscoitos com alto valor nutritivo que podem ser comidos na hora”.
Então
por três semanas as famílias tem o que comer?
“Sim. E se elas precisarem de
mais comida ou se o processo de registro demorar demais eles recebem uma nova porção
de alimentos”.
As famílias então podem ficar nos campos por mais de três semanas?
“Por
causa do grande número de refugiados que chegam a Dadaab, como nós vimos as notícias
de que 1.300 pessoas estavam chegando todos os dias, e isso continua acontecendo,
existe uma grande pressão sobre o sistema de registros. Juntos, os campos de Dadaab
formam o maior campode refugiados hoje no mundo. Então, quando as famílias são oficialmente
registradas, elas ganham um cartão para retirar alimentos todos os meses”.
Apesar
de todos os esforços, os conflitos entre as milícias e o governo fizeram com que os
alimentos deixassem de chegar a algumas áreas da região do Chifre da África.
“Em
certas áreas, algumas organizações humanitárias foram banidas. Nós mesmos do Programa
de Alimentação Mundial tivemos que sair do Sul da Somália em janeiro do ano passado
por causa de ameaças contra nossos colaboradores. Sem falar nas taxas não-oficiais
que quiseram nos impôr e também que não empregássemos mulheres na nossa organização.
Tudo isso, junto com a insegurança na região tornou nosso trabalho quase impossível.
Desde 2008, o PAM teve 14 agentes mortos na Somália que, provavelmente é o lugar mais
perigoso do mundo para se trabalhar”.
Não há previsão para que os trabalhos
humanitários terminem no Chifre da África. Contudo, Casella aponta para uma situação
positiva nesse cenário de fome e falta de esperança no futuro.
“Nós estamos
trabalhando em programas de irrigação, programa para um melhor aproveitamento dos
recursos naturais. Assim, os agricultores podem se recuperar do choque da seca prolongada.
Nós já estávamos desenvolvendo estes projetos antes que a fome fosse declarada. Fizemos
isso na Etiópia, em partes do Quênia e Uganda e bem sabemos que nessas áreas a fome
não foi declarada. Infelizmente, em algumas partes da Somália, nós não pudemos trabalhar
junto com os agricultores do mesmo modo, de forma a ajudálos a melhorar as técnicas
e aumentar a produtividade. E, por causa disso, a situação na Somália piorou”, concluiu.
(RB)