ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS APONTAM VIOLAÇÕES DE DIREITOS HUMANOS NA SÍRIA
Nicósia, 1° set (RV) – O Ramadã, mês sagrado dos muçulmanos, terminou ontem,
mas com pouca alegria para os sírios. Segundo o Observatório de Direitos Humanos do
país, durante esse período, pelo menos 473 pessoas morreram devido à repressão do
Exército contra manifestantes anti-governo.
Os dados da ONG, sediada na Grã-Bretanha,
mostram que entre essas vítimas há 25 menores de 18 anos, 14 mulheres e 28 pessoas
que morreram em detenção ou sob tortura, a maioria da província de Homs.
As
violências se dão no contexto dos protestos pró-democracia e contrários ao regime
do presidente Bashar al Assad, reprimidos duramente pelas Forças Armadas da Síria.
Pelo menos 2.200 pessoas, em sua maioria civis, perderam suas vidas desde o começo
da revolta, em março, segundo ativistas.
E mesmo assim, nesta quarta-feira,
primeiro dia de festa pelo fim do Ramadã, milhares de manifestantes desafiaram o regime
sírio em diferentes localidades do país. Há o registro da morte de sete civis.
No
plano internacional, a União Européia anunciou que, até o próximo sábado, serão formalizadas
as sanções contra a Síria no âmbito petrolífero. Já a Organização Não Governamental,
Anistia Internacional, publicou um relatório que elenca mais de 1.800 vítimas e denuncia
as graves condições de detenções dos opositores. A Rádio Vaticano conversou com o
porta-voz da Anistia Internacional na Itália, Riccardo Noury.
Segundo ele,
o que dizem os analistas é que a comunidade internacional teria intervindo na Líbia
devido ao petróleo e ao fato de Kadafi ser uma fonte de instabilidade, enquanto a
Síria não tem o recurso natural e Assad é um elemento de estabilidade.
Questionado
sobre quais os países que têm interesse na Síria quanto a exportações de armas e depósitos
financeiros, respondeu que, quando se olha para as decisões do Conselho de Segurança,
há sempre vetos da Rússia e da China. Portanto, ele explicou, que até por uma herança
de natureza e aliança políticas, é evidente que esses países têm relações diretas
com a Síria.
Há também a questão dos milhares de refugiados que essas violências
provocaram, a deles maioria abrigados pela Turquia e pelo Líbano. Dois países que,
porém, não têm estrutura para receber muitas pessoas.
O relatório da Anistia
aponta ainda outro fator: as mortes nas prisões. Riccardo afirma que, nos anos passados,
morriam cinco presos a cada ano, enquanto que, de abril a agosto, já morreram 88 detentos
políticos. “Evidentemente há um aumento preocupante na violação dos direitos humanos”,
disse o porta-voz da Organização. (ED)