BENTO XVI: CRISTÃOS DA ÁSIA ANUNCIEM EVANGELHO COM ALEGRIA
Cidade do Vaticano, 31 ago (RV) - "Para que as comunidades cristãs espalhadas
no continente asiático proclamem o Evangelho com fervor, testemunhando a sua beleza
com a alegria da fé": essa é a intenção de oração missionária de Bento XVI para o
mês de setembro. O Pontífice detém-se, portanto, sobre a importância da evangelização
no continente asiático. Sobre essa intenção missionária a Rádio Vaticano pediu o comentário
do missionário do PIME – Pontifício Instituto Missões Exterior –, Pe. Alberto Caccaro,
há dez anos no Camboja:
Pe. Alberto Caccaro:- "Na Ásia o cristianismo
é uma minoria e as comunidades muitas vezes estão espalhadas, são pequenas e numericamente
insignificantes em relação à grande maioria – no caso do Camboja – de fiéis budistas.
Porém, jamais considerei o número um problema. A minha experiência no Camboja – e
creio que seja igual em outros contextos asiáticos – me faz ver que, no fundo, a fé
não precisa de números, mas de pessoas que crêem. Existem comunidades espalhadas,
existem comunidades que são minoria, mas isso não quer dizer que sejam comunidades
fracas. Aliás, a fé não precisa de números, a fé precisa de corações que crêem e,
portanto, de pessoas que buscam constantemente o Senhor."
RV: O Papa convida
os fiéis a testemunharem a beleza do Evangelho com alegria: pode-se dizer que esta
alegria, uma alegria que vem do coração, é um sinal distintivo dos cristãos da Ásia?
Pe.
Alberto Caccaro:- "As comunidades que conheci na Ásia sempre foram comunidades
muito vivas, onde a alegria jamais foi vivida por acaso, mas o fruto e o êxito de
um caminho prolongado no tempo. Não devemos imaginar a alegria como resultante de
um automatismo, mas fruto maduro da fé. Portanto, antes, ainda, da alegria, a meu
ver deve haver a capacidade de perceber o real plenamente. A fé trará a alegria somente
se se tornar, por primeiro, uma abordagem à realidade plena. Sempre vi comunidades
que, aos poucos, iluminadas pela fé, redescobriam a alegria de crer, justamente porque
compreendiam muito mais de si mesmas e sobre a realidade que as circundava. Conseguiam
intuir também a gravidade dos problemas em torno delas e a esperar possíveis soluções,
sem adiar e sem delegar, mas também sem sonhar soluções fáceis a problemas difíceis."
RV:
O senhor encontra-se há dez anos no Camboja: o que significa concretamente, em sua
experiência, a evangelização na cotidianidade?
Pe. Alberto Caccaro:-
"Em minha experiência no Camboja intuí que evangelizar significa celebrar o humano:
colocar cada pessoa na condição de descobrir-se, de amar-se e, portanto, de saber
amar. Sempre me dediquei, como missionário, à saúde e à educação. Foram os dois primeiros
âmbitos nos quais me comprometi e, não por acaso, são também os âmbitos em que a Igreja
está muito empenhada no Camboja: atenção aos doentes e atenção à educação, porque
ambos são duas possibilidades de celebrar o humano, de exaltar o humano em todas as
suas formas." (RL)