Roma, 26 ago (RV) - O Diretor da Caritas Somália, Dom Giorgio Bertin, recordou
à comunidade internacional que a tragédia que vive a região do Sudeste da África não
é somente consequência da seca, mas se deve aos problemas humanos e à situação de
anarquia que atinge a região. Dom Bertin, que é Bispo de Djibuti e Administrador Apostólico
de Mogadíscio (Somália), explicou em uma entrevista à Rádio Vaticano que “é preciso
que a comunidade internacional não se contente em comover-se vendo a criança pobre
somali reduzida à fome, mas que reflita e se faça a pergunta sobre a razão pela qual
se chegou a este ponto”.
O Prelado afirmou que o fator que há 20 anos impede
a estabilidade do país está radicado no fato que “os pobres se habituaram a mendigar,
a pedir ajuda, e os mais preparados, em troca se habituaram a aproveitar-se deste
tipo de coisas, desta falta de Estado, para levar adiante seus próprios interesses”.
O bispo sublinhou também a falta de coesão no governo do país e a debilitada
vontade de dirigir a situação política, e denunciou que a pobreza na Somália “não
é simplesmente uma consequência natural da seca, e sim uma consequência humana”.
Há
mais de 20 anos a Somália vive em estado de guerra. Atualmente, as forças do Governo
Federal de Transição apoiadas pela Missão da União Africana para a Somália (AMISOM)
lutam contra o grupo armado de resistência islâmica Al-Shabaab, que impede um acesso
efetivo e seguro ao país por parte das ONGs internacionais. A ausência de serviços
governamentais, a insegurança e a falta de acesso a muitos lugares impedem a coleta
de dados que definam realmente a situação do país, provocando o êxodo somali e milhares
de refugiados nos países mais próximos. Além disso, a seca se une a esta voragem de
instabilidade.
Ante a grave situação de pobreza no Chifre da África, o Papa
Bento XVI fez nas semanas passadas um chamado à mobilização internacional “para enviar
rapidamente ajuda a estes nossos irmãos e irmãs duramente provados, entre os quais
há muitas crianças”. “Que não falte a estas populações que sofrem nossa solidariedade
e a ajuda concreta de todas as pessoas de boa vontade”, acrescentou o Santo Padre.
(SP)