A SITUAÇÃO DOS PAQUISTANESES UM ANO APÓS AS ENCHENTES
Islamabad, 26 ago (RV) – A distância de um ano das graves inundações que atingiram
o Paquistão causando sérios danos ao país e à população, as mulheres estão pagando,
também agora, a conta mais cara. Segundo relatório da Comissão de Direitos Humanos
da Ásia, os aluviões de 2010 foram os piores que já passaram pelo país, deixando um
quinto do território debaixo d’água e um saldo de dois mil mortos e 20 milhões de
desabrigados. Tudo isso em uma nação já devastada pelos efeitos da guerra guiada pelos
Estados Unidos, por estes, dita contra o terrorismo.
Hoje, embora muitas
pessoas já tenham conseguido voltar às suas casas, pouco se sabe sobre as suas reais
condições de vida. Homens de famílias menos favorecidas têm dificuldade de encontrar
trabalho e as mulheres, principalmente nos pequenos vilarejos, exercem uma dupla função.
Dedicam-se à reconstrução das suas casas danificadas, trabalhando com tijolo, argila
e cimento, para deixarem-nas de novo em pé, e, quando terminam essa tarefa, juntam-se
aos maridos no campo.
Ainda a perda de bens materiais aumentou o estado de
pobreza e favoreceu, por conseqüência, os matrimônios precoces, situação que poderia
ser evitada se fossem postos em prática programas anti-pobreza para as mulheres, prejudicadas
também por um frágil sistema de saúde pública.
Durante as fortes chuvas, por
exemplo, campos médicos de emergência provinham atendimento pré e pós parto para as
grávidas, mas, passado o período crítico, essas mães ficaram sem assistência, e sofrem
agora também os seus filhos. Por má nutrição, muitos têm sérios problemas de saúde,
pois muitas famílias perderam suas criações de animais e plantações, ficando sem leite
e sem alimentos.
Um outro exemplo é o que ocorre no vilarejo de Dera Shahwala,
uma das regiões mais atingidas no sul de Punjab. Lá, uma das maiores fontes de renda
das mulheres pobres é a colheita de algodão, atividade que perderam após esse desastre
natural. Em algumas regiões, a terra ficou totalmente devastada e inutilizada para
futuros cultivos, reduzindo ainda os recursos dos trabalhadores do campo e privando
as mulheres do seu principal meio de subsistência. (ED)