2011-08-24 12:55:45

ESPECIAL ÁSIA: O RITUAL DAS LANTERNAS NO JAPÃO


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Tóquio, 24 ago (RV) - No Especial Ásia de hoje, Pe. Olmes Milani, missionário no Japão, fala sobre a Festa dos Finados no país - o ritual das lanternas.

Amigos e amigas ouvintes que escutam o Programa Brasileiro levado ao ar pela Rádio Vaticano, faço-lhes chegar uma saudação de paz e esperança.

Convivendo com pessoas de culturas diferentes é inevitável não participar de cerimônias e cultos relacionados com a morte e os funerais. Só podemos afirmar conhecer a cultura de um povo quando entendemos os significados que estão na fronteira entre esta vida e a seguinte ou pelo que se deseja para a pessoa falecida.

Realmente, os rituais fúnebres são ponto nevrálgico, crucial e um divisor de águas entre a realidade presente e a futura. É difícil ter a oportunidade de participar de um funeral até mesmo de pessoas que se dizem sem religião e admitir o fim de tudo, com o sepultamento ou a cremação, sem perceber algo que indique o após-morte. No Japão, onde a maioria afastou-se da religião, não é diferente.

Contudo a cultura japonesa apresenta algumas peculiaridades. Com os ritos funerários pretende-se acalmar o espírito, dar-lhe paz e que não volte, a não ser em datas especiais, como nas comemorações dos falecidos. Por isso é de suma importância que sejam realizados os funerais. Uma das maiores preocupações é não poder realizá-los quando o corpo de alguém não é encontrado. Acreditam que o espírito da pessoa não vai ter paz, ficando inquieto e andarilho.

Na maioria das casas japonesas existe um altar budista usado para as cerimônias. Quando ocorre a morte de um familiar, ele é coberto com papel branco para afastar os espíritos impuros do morto. Flores e incenso são colocados ao lado da sua cama com a finalidade de criar um ambiente de paz e calma.

Normalmente, um bonzo, sacerdote budista, é convidado para o velório que consta da recitação dos sutras cuja finalidade é acalmar o espírito do falecido. Geralmente, o corpo das mulheres é vestido de kimono. Ocasionalmente também os homens. Deve-se ter o cuidado de fechá-lo ao contrário do de uma pessoa viva: o lado direito sobre o lado esquerdo. As sandálias são calçadas ao contrário e as luvas ao avesso.

Pensa-se que fazendo assim, o espírito da pessoa se confunde e não voltará para trás, pois terá dificuldade de calçar as sandálias e vestir as luvas e o kimono corretamente. Para que a viagem ao novo mundo seja segura, colocam-se no caixão mais um kimono branco, um par de sandálias, seis moedas e itens preferidos pelo falecido, tais como cigarro, balas ou alguma guloseima.

No dia seguinte ao velório acontece o funeral. A cerimônia diferencia-se levemente nesta ocasião. A pessoa recebe um novo nome budista. Isto para confundir o espíritodo falecido, caso fosse chamado pelo nome prévio, impedindo um possível retorno aos seus.

Dependendo dos costumes da região, as cinzas da pessoa falecida podem ficar na casa, desde alguns dias até mais de três meses para as cerimônias cuja finalidade é sempre acalmar o espírito. Como a maioria dos japoneses tem sepultura de família, os restos são transladados para seu lugar definitivo. Ao chegar com a urna, o cortejo dá diversas voltas ao redor do túmulo para desorientar o espírito, dificultando-lhe encontrar o caminho de casa.

Terminado o cerimonial, admite-se que o espírito permanecerá em seu mundo até uma possível reencarnação. Melhor mesmo é chegar à casa do Pai onde há muitas moradas para vivermos a felicidade completa para sempre.

Missionário Pe. Olmes Milani CS
Do Japão para a Rádio Vaticano







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