EM CARTA À PRESIDENTE DILMA, IGREJA ALEMÃ FAZ APELO CONTRA O DESMATAMENTO E EXTERMÍNIO
DE ÍNDIOS DA AMAZÔNIA
Cidade do Vaticano, 24 ago (RV) – De agosto de 2010 a julho deste ano, o desmatamento
sem controle na Amazônia aumentou 15%, com mais de 2.500 Km² de floresta devastados,
400km² a mais em comparação aos últimos doze meses.
Esses números fazem parte
dos primeiros dados anuais divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(INPE) com base em observações feitas por satélites, ainda parciais. Os Estados mais
atingidos são o Mato Grosso e o Pará, onde avançam os campos de soja e criação de
gado.
Uma grave situação ecológica – devido às especulações de corporações
econômicas e interesses internacionais – que está alterando as relações entre os seres
humanos e o ambiente.
“A justiça ambiental, como muitas vezes destacaram os
bispos do Brasil, explica a forte relação que existem entre a questão ecológica, os
problemas da justiça, a paz e a defesa dos direitos invioláveis das pessoas e das
populações indígenas”, destaca o comunicado da Igreja alemã.
Com força e persistência
os bispos brasileiros reiteraram que a ecologia humana é uma necessidade imperativa.
“Adotar em cada circunstância um modo de viver mais respeitoso ao ambiente e sustentar
a pesquisa e a exploração de energias adequadas que protejam o patrimônio da Criação
e não representem perigo aos homens devem ser prioridades políticas e econômicas”,
destaca também a Igreja alemã enaltecendo a declaração dos Bispos brasileiros, os
quais denunciaram ainda à comunidade internacional a violência a qual são submetidas
as populações indígenas no Brasil: homicídios, ameaças de morte, falta de assistência
sanitária e educativa, demora na regularização das terras, exploração excusa dos recursos
naturais das terras indígenas.
Entre todas essas questões, a Adveniat, organização
filantrópica da Igreja Católica Alemã para a América Latina, que enviou uma carta
à presidente Dilma Rousseff, na qual manifesta preocupação pela “suspeita de um massacre
das populações indígenas que vivem isoladas nos confins do Estado do Acre.
Os
assassinatos – de acordo com a Adveniat - teriam sido praticados por organizações
criminais ligadas ao narcotráfico nas terras indígenas e à indústria madeireira clandestina.
Neste sentido, foram divulgadas no início de agosto, diversas reportagens sobre o
tema na imprensa internacional.
Na carta à presidente Dilma, a adveniat fala
da “facilidade com a qual as organizações criminosas agiram”, e evidencia o perigo
iminente para os indios que “estão ameaçados de morte”.
A Adveniat chama a
atenção sobre a situação igualmente vivida pelos índios que vivem no Maranhão, Rondônia
e Mato Grosso.
“Todas essas violências, as invasões e os conflitos que atingem
diretamente as comunidades indígenas estão ligadas à escolhas que privilegiam o desenvolvimento
a todo custo, em detrimento, infelizmente, da própria vida”, diz outro trecho da carta.
Segundo
a Adveniat, o Brasil enfrenta uma realidade que, sendo cheia de sofrimentos e de dificuldades,
pode constituir uma ocasião privilegiada para um renascimento humano e social. Por
meio das contribuições de todas as esferas sociais e também com o apoio das organizações
de cooperação internacional é possível restituir à Amazônia um futuro de esperança.
É preciso encorajar e valorizar os projetos econômicos para a aceleração do crescimento,
segundo o programa do Governo Federal e as iniciativas para a integração das infra-estruturas
regionais.
Um processo que seja integrado coma s iniciativas dos doze países
da América do Sul que pretenda ligar as redes de comunicação, energia e transporte
por meio da construção de estradas e portos.
Na parte final da carta, a organização
filantrópica da Igreja Alemã pede ao Governo Brasileiro de “pesquisar medidas eficazes
e de longo prazo para garantir que não voltem a se repetir massacres, genocídios,
invasões e marginalizações sofridas na história dos povos indígenas da Amazônia,
aos quais deve ser completamente garantido o direito ao desenvolvimento integral,
a cultura, as tradições e o inviolável direito de viver dentro de seus territórios”.
(RB)