Roma, 23 ago (RV) – Hoje, 23 de agosto, é o Dia Internacional da Memória do
Comércio de Escravos e sua Abolição. E nas vésperas dessa data, a Organização Internacional
Save the Children (sede italiana) lançou um relatório intitulado “Os Pequenos Escravos
Invisíveis”. Trata-se de um documento que faz uma apuração sobre a situação do tráfico
de seres humanos na Itália. A pesquisa foi realizada em conjunto com a associação
On the Road – Consorzio Nova.
Evidenciou-se um cenário dramático: o tráfico
e o abuso de menores para fins sexuais e de mendicância, os trabalhos forçados e as
atividades ilegais estão consolidando-se cada vez mais. No que diz respeito ao tráfico
de mulheres para fins de exploração sexual, os grupos étnicos mais afetados são as
romenas e as nigerianas. Os dados mostram que, em geral, entre 19 e 24 mil adultos
de ambos os sexos prostituem-se nas ruas – as crianças nessa mesma situação são entre
mil e seiscentas e duas mil. Já a prostituição desses grupos em locais fechados é
três vezes maior, sendo que 10% dos abusados são menores de idade.
O relatório
ainda evidencia o modo pelo qual essas pessoas ficam “escravizadas” pelos seus abusadores:
violência física, técnicas de submissão psicológica e ameaças.
Em relação
aos grupos de menores do sexo masculino mais afetados por esse crime, o relatório
aponta os egípcios e os afegãos que chegam à Itália desacompanhados de adultos. A
maioria concentra-se em Roma e em Nápoles.
O tráfico humano para fins de mendicância
têm como alvo principal os grupos de ciganos ROM, provenientes da ex Iugoslávia e
da Romênia, mas também pessoas vindas de Bangladesh, do Marrocos e da África Subsaariana.
Esse dossiê foi realizado em base a uma pesquisa feita em 15 regiões italianas.
Para a responsável do Programa Itália-Europa da Save the Children, Raffaela Milano,
na base dessas situações estão a pobreza, a necessidade e a marginalização. Como ação
para combater esse crime, ela afirma que é necessário “que todos os atores envolvidos
operem em coordenação e sinergia”, potencializando o sistema nacional anti-tráfico,
assegurando a proteção dos menores e dos adultos vítimas do fenômeno e enfrentando
a criminalidade organizada ativa nesse campo. (ED)