Missa final da JMJ 2011 em clima de festa com mais de um milhão e meio de jovens.
Bento XVI lança jovens contra mundo de «rejeição» e «indiferença»
(21/07/11) Bento XVI apelou hoje aos jovens católicos de todo o mundo para que testemunhem
a sua fé publicamente, mesmo em “lugares onde prevalece a rejeição ou a indiferença”. O
Papa falava na homilia da missa de encerramento da Jornada Mundial da Juventude (JMJ)
2011, no aeródromo madrileno de Cuatro Vientos, onde se encontram mais de um milhão
e meio de jovens. Retomando uma ideia já apresentada durante a visita de quatro
dias à capital espanhola, iniciada quinta-feira, Bento XVI alertou contra a “mentalidade
individualista que predomina na sociedade”, frisando que os jovens correm “o risco
de nunca encontrar Jesus Cristo, ou de acabar seguindo uma imagem falsa dele”. O
espaço de Cuatro Vientos, onde João Paulo II esteve em 2003 na sua última viagem a
Espanha, foi alargado pela organização do evento, após ter sido completamente lotado
este sábado pelos participantes na JMJ, vindos de mais de 130 países.
A homilia
de Bento XVI centrou-se no evangelho deste domingo, com a profissão de fé de Pedro,
que confessa Jesus como “o Filho do Deus vivo”, em resposta à interpelação do Mestre:
“Quem dizeis vós que eu sou?”
“Pedro responde formulando a primeira confissão
de fé: «Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo». A fé vai mais longe que os simples
dados empíricos ou históricos, e é capaz de apreender o mistério da pessoa de Cristo
na sua profundidade. / A fé, porém, não é fruto do esforço do homem, da sua razão,
mas é um dom de Deus”.
Justamente lhe diz Jesus «És feliz, Simão, filho de
Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que to revelou, mas o meu Pai que está
no Céu». A fé tem a sua origem na iniciativa de Deus, que nos desvenda a sua intimidade
e nos convida a participar da sua própria vida divina.
“A fé não se limita
a proporcionar alguma informação sobre a identidade de Cristo, mas supõe uma relação
pessoal com Ele, a adesão de toda a pessoa, com a sua inteligência, vontade e sentimentos,
à manifestação que Deus faz de Si mesmo. Deste modo, a pergunta de Jesus: «E vós,
quem dizeis que Eu sou?», no fundo está impelindo os discípulos a tomarem uma decisão
pessoal em relação a Ele.”
Para nós, como para os próprios apóstolos, “a
fé tem que se consolidar e crescer, tornar-se mais profunda e madura, à medida que
se intensifica e fortalece a relação com Jesus, a intimidade com Ele”. O Papa
exortou os jovens a responderem pessoalmente, “com generosidade e coragem”, à interpelação
direta que Jesus faz a cada um. Dizei-Lhe: Jesus, eu sei que Tu és o Filho de Deus
que deste a tua vida por mim. Quero seguir-Te fielmente e deixar-me guiar pela tua
palavra. Tu conheces-me e amas-me. Eu confio em Ti e coloco nas tuas mãos a minha
vida inteira. Quero que sejas a força que me sustente, a alegria que nuca me abandone.
Mas,
na sua reposta à confissão de Pedro (prosseguiu o Papa), Jesus fala da sua Igreja:
«Também Eu te digo: Tu é Pedro, e sobre esta Pedra edificarei a minha Igreja».
“Jesus
constrói a Igreja sobre a rocha da fé de Pedro, que confessa a divindade de Cristo.
Sim, a Igreja não é uma simples instituição humana, como outra qualquer, mas está
intimamente unida a Deus. O próprio Cristo Se refere a ela como a «sua» Igreja.”
“Não se pode separar Cristo da Igreja, tal como não se pode separar a cabeça do corpo
– insistiu Bento XVI. A Igreja não vive de si mesma, mas do Senhor.”
“Queridos
jovens, permiti que, como Sucessor de Pedro, vos convide a fortalecer esta fé que
nos tem sido transmitida desde os apóstolos, a colocar Cristo, Filho de Deus, no centro
da vossa vida. Mas permiti também que vos recorde que seguir Jesus na fé é caminhar
com Ele na comunhão da Igreja”.
O Papa pediu aos jovens para não cederem
à “tentação de ir «por conta própria» ou de viver a fé segundo a mentalidade individualista,
que predomina na sociedade”.
“Ter fé é apoiar-se na fé dos teus irmãos, e
fazer com que a tua fé sirva também de apoio para a fé de outros. Peço-vos, queridos
amigos, que ameis a Igreja, que vos gerou na fé, que vos ajudou a conhecer melhor
Cristo, que vos fez descobrir a beleza do Seu amor.” A concluir, Bento XVI pediu
aos jovens que não guardem para si só o conhecimento e o amor de Jesus Cristo, mas
comuniquem aos outros “a alegria da própria fé”, pois o mundo necessita deste testemunho. O
presidente do Conselho Pontifício para os Leigos, cardeal Stanislaw Rylko, dirigiu
ao Papa palavras de agradecimento, sublinhada por uma salva de palmas dos presentes,
e disse que os jovens “estão prontos de sair de Madrid para o mundo inteiro”. (Homilia
integral em Viagens Apostolicas)