CATÓLICOS E MUÇULMANOS CONTRIBUEM PARA A RECONCILIAÇÃO NA GUINÉ-CONACRI
Conacri, 19 ago (RV) – O Arcebispo de Conacri, Dom Vincent Coulibaly, e o chefe
da grande mesquita Fayçal de Conacri, o imâme El Hadj Mamadou Camara, foram nomeados
pelo chefe de Estado, Alpha Condé, como presidentes de uma comissão provisória encarregada
de refletir sobre a viabilidade da reconciliação na Guiné-Conacri.
A decisão
de nomear Dom Coulibaly e o imâme – declarou o Primeiro-Ministro Mohamed Said Fofana
– foi do presidente. A comissão deverá desde o início envolver e sensibilizar os representantes
das diversas comunidades e de todas as classes sociais da Guiné-Conacri e, em seguida,
apresentar propostas concretas para a reconciliação nacional. “Temos mais de meio
século de uma bagagem hereditária que pesa sobre nossas costas - afirmou o premiê
Fofana - e por isso é preciso que a população esteja psicologicamente preparada e
seja capaz de aceitar a verdade e perdoar-se”.
O presidente Condé, ex-professor
de direito na Universidade de Sorbona, é favorável À reconciliação e um forte opositor
de todas as ditaduras. Em 1970 foi condenado à morte. De volta a seu país no início
dos anos 90, depois de mais de 30 anos de exílio na França, passou dois anos na prisão.
Vencidas as primeiras eleições livres na Guiné-Conacri, a situação convenceu
Alpha Condé a colocar a reconciliação nacional como primeiro ítem de sua agenda política.
Por diversas vezes, o presidente disse que a “Guiné-Conacri não está para uma reconstrução,
e sim para uma construção”.
Apesar de suas imensas riquezas minerais, a Guiné-Conacri
está longe da auto-suficiência alimentar. Metade da população vive abaixo da linha
da pobreza.
O presidente Condé prevê ainda a criação de uma Conferência para
a verdade e a reconciliação sobre os crimes cometidos durante a história da Guiné-Conacri
independente. (RB)