Campanha, 18 ago (RV) - A narrativa de Mt 16, 21-27 começa com as mesmas palavras
que Jesus utilizou para provocar em Pedro uma mudança de atitude: “Se alguém quer
vir comigo ...” Desta vez, porém, dirige-se a todos os discípulos para explicar-lhes
as exigências do seguimento.
A exortação a “tomar a cruz e a negar-se a si
mesmo” aparece em outro lugar no Evangelho, mas aqui aparece como condição de seguimento.
Seguir
Jesus significa, antes de tudo, negar-se a si mesmo e tomar a Cruz, o que é o mesmo
que perder a própria vida para encontrá-la em plenitude.
Os primeiros cristãos
utilizaram muito a expressão “tomar a cruz”, para expressar a sua união com Jesus
em sua Morte e Ressurreição. É muito provável que Jesus, ao se referir à Cruz, a veja
como símbolo de sofrimento e os primeiros cristãos deram a essa expressão um sentido
mais pleno, relacionando-a com o mistério da Páscoa de Jesus.
O seguimento
de Jesus significa renunciar aos projetos pessoais de realização, aos olhos da sociedade
estruturada pelos poderosos, e tomar a Cruz. A cruz era o instrumento de suplício
e morte imposto pelos romanos àqueles que ameaçavam a ordem institucional do império.
Eram os subversivos. Durante a revolta judaica do ano 6 d.C., os romanos crucificaram
500 revoltosos, em volta de Jerusalém. Tomar a sua cruz, neste contexto, o que é diferente
de “tomar o poder”, não tem nada de messiânico. Tomar a Cruz e perder a sua vida é
deixar-se seduzir pelo chamado de Jesus e renovar as estruturas desta sociedade, conformando-a
a tudo o que é bom e agradável a Deus.
Aqueles que são seduzidos pelo mundo
dos ricos ambiciosos, pensando, assim, salvar suas vidas, são aprisionados pelas malhas
do poder. Seguir Jesus e tomar sua Cruz significa rejeitar os critérios de sucesso
deste mundo e comprometer-se com a construção do mundo novo de fraternidade, justiça
e paz, sem temer as adversidades que surgirão.
Padre Wagner Augusto Portugal Vigário
Judicial da Diocese da Campanha