BOLÍVIA: BISPOS PEDEM DIÁLOGO CONSTRUTIVO SOBRE A QUESTÃO INDÍGENA
La Paz, 17 ago (RV) - Um convite ao diálogo "sincero e construtivo" em favor
dos indígenas para o bem do país. É o que pedem os bispos bolivianos, em um momento
em que o país está vivendo dias de tensão. Milhares de índios de diferentes etnias,
de fato, partiram, nesta quinta-feira, para uma marcha de 600 quilômetros da cidade
de amazônica de Trinidad em direção à capital La Paz.
O objetivo é defender
o Parque Nacional Isiboro Secure, a maior reserva ecológica da Bolívia, habitada por
50 mil pessoas. O parque está em risco devido à construção de mais 300 km de rodovia
que irá dividir em duas partes essa área da Amazônia boliviana, forçando o abate de
quase meio milhão de árvores.
Por isso, por ocasião da Festa da Assunção,
em 15 de agosto, a Conferência Episcopal Boliviana (CEB) divulgou uma nota na qual
se lê: "A marcha organizada pelos habitantes indígenas do território do Parque Nacional
Isiboro Secure coincide no tempo e no espaço com a primeira marcha indígena ‘pelo
território e pela dignidade’, realizada há 21 anos.
E continua: "Por causa
da falta de um verdadeiro diálogo para encontrar uma solução comum, a Igreja Católica,
fiel à sua missão pastoral, quer fazer ouvir a sua voz, a fim de contribuir para uma
solução pacífica e para o bem comum de toda a sociedade boliviana".
Assim,
os bispos reiteraram: "Além da questão política e do debate social e econômico, convidamos
as partes a um diálogo sincero e construtivo, no atual quadro constitucional, que
mostra a responsabilidade do Estado na promoção desenvolvimento nacional e dos direitos
dos povos indígenas".
Calcula-se que a marcha de protesto dos indígenas dure
30 dias. O Parque Nacional Isiboro Secure abrange um milhão e 200 mil hectares, é
casa para 64 comunidades indígenas, território de 30% dos mamíferos da Bolívia, 34%
dos das espécies de aves do país, mais de 40% dos répteis e 188 espécies diferentes
de peixes divididos em 170 lagos. (ED)