ALIMENTOS PARA AS VÍTIMAS DA SECA NA SOMÁLIA SÃO DESVIADOS
Mogadíscio, 16 ago (RV) – Como se não bastasse a situação crítica de seca pela
qual a Somália está passando, agora alimentos enviados à região estão sendo desviados.
Milhares de sacos de mantimentos especiais enviados para os mais de três milhões de
somalis que estão passando fome já foram roubados. Eles são vendidos em mercados na
mesma área onde milhões de pessoas abrigadas em campos de refugiados não têm o suficiente
para comer. A denúncia partiu de uma investigação feita pela agência de notícias Associated
Press.
O programa de alimentos da Organização das Nações Unidas (ONU) reconheceu,
pela primeira vez, que há dois meses investiga o roubo de alimentos na Somália. O
Programa Mundial de Alimentos disse que a "escala e a intensidade" da crise alimentar
não permite a suspensão da ajuda e que interromper o envio de alimentos levaria a
"muitas mortes desnecessárias".
Fica muito difícil controlar a distribuição
de alimentos, tendo em vista que é feita a famílias numerosas que vivem sem delimitações
de espaço em campos improvisados para refugiados, os quais vão surgindo pela capital
Mogadíscio.
Ali Said Nur, um dos refugiados do campo de Badbado, um grande
assentamento controlado pelo governo, disse que duas vezes recebeu dois sacos de milho,
mas a cada vez foi forçado a entregar um deles ao líder do campo. "Você não tem escolha.
Tem simplesmente de entregar, sem discussão, para conseguir ficar aqui", explicou
ele.
Mais de 450 mil somalis vivem em regiões controladas por militantes ligados
à Al-Qaeda, o que torna mais difícil ainda a entrega de alimentos. Organizações
Internacionais e governo somali têm dificuldade de controlar esse abastecimento devido
à corrupção, que leva ao desvio de mantimentos para o abastecimento da guerra civil,
que já dura 20 anos. (ED)