Cidade
do Vaticano, 15 ago (RV) - O Magnificat, o canto de louvor que Lucas colocou nos
lábios de Nossa Senhora após o anúncio do Arcanjo Gabriel e do Sim Mariano, é eminentemente
profético porque anuncia uma nova sociedade, onde não existem marginalizados, pois
estes, por obra de Deus, se tornaram incluídos. A própria missão do Arcanjo já
é uma ação de inclusão. Deus quer o ser humano ao seu lado, vivendo sua vocação eterna.
Gabriel vem iniciar o reatamento da amizade Deus-Homem rompida por Adão e Eva. A
pessoa a quem o Arcanjo se dirige, para ser convidada a colaborar com a ação redentora
de Deus, é uma jovem pobre, chamada Maria, moradora de um lugar desprezível e mal
afamado, chamado Nazaré. Contrariamente ao posicionamento de Eva, que quis ser
igual ao Todo Poderoso ao aceitar o desafio da Serpente Maligna, Maria se declara
a Serva do Senhor, e se coloca disponível para o que Ele lhe solicitar. Imediatamente
ao portar em si o Verbo, encarnado em seu seio, Maria vai servir Isabel. É o início
da nova sociedade: os mais importantes vão servir os subalternos. Aliás, a nova sociedade
já havia sido iniciada desde quando o Verbo se fez homem, desde quando a Trindade
fez do homem sua morada permanente. O Apocalipse nos apresenta a luta da Mulher
contra o Dragão. Ela é apresentada vestida de sol, isto é, de Deus e com a lua sob
seus pés, significando ser possuidora de eternidade. A coroa de doze estrelas (doze
é o número das tribos de Israel e dos Apóstolos) que traz na cabeça a identifica como
vitoriosa. Quem é esta mulher? Muitos logo a identificam com a Virgem Maria, dando
à luz Jesus, mas também pode ser identificada com a Igreja, de modo especial, com
as comunidades da época em que o livro do Apocalipse foi escrito. O Dragão simboliza
o quê? Ele significa as forças do mal que dificultam e, muitas vezes, até impedem
o testemunho dos cristãos, desvirtuando e pervertendo a estrutura social e familiar,
e desejando engolir aquilo que vai contra seus interesses de morte. Mas ele é impotente.
Só consegue arrastar um terço das estrelas. Seu poder é limitado. Maria, a serva
do Senhor, que vimos no Evangelho, é a Mulher que está totalmente identificada com
Deus e, por isso, aparece na 1ª leitura como a vencedora e protetora dos cristãos.
Identificando-se com ela através do sim dado a Deus, as comunidades cristãs são
verdadeiras encarnações do Verbo, atuam no mundo como servos da Vida e lutando por
ela, destroem a morte e geram filhos para Deus. A 1ª Carta aos Coríntios, nos fala
da ressurreição e do aniquilamento das forças hostis ao Reino de Deus, da destruição
da cultura da morte. A reflexão de Paulo nos leva a concluir que a tarefa de Jesus
Cristo só estará completada quando ele vencer o Mal através de nossas ações. Daí,
a necessidade de nos deixarmos preencher pelo Senhor, sermos seus servos como Maria,
para que, em nós, através de nossa vida, Cristo complete sua Missão Redentora. Nossa
Senhora da Glória nos remete ao êxito, à vitória de Cristo, que destruiu o pecado
e a morte, e quis se servir de nossa participação em sua redenção. Sendo de Deus,
sendo de Cristo, sendo da Vida, estaremos com Ele e com Ele reinaremos eternamente,
no céu. (CAS)