Cidade do Vaticano, 5 ago (RV) – “Éramos trezentos. Mas cerca de cem pessoas,
sobretudo mulheres, não aguentaram a travessia e os homens se viram obrigados a jogar
seus corpos no mar”. Essas são as dramáticas palavras de uma das quatro meninas socorridas
pela Guarda Costeira italiana enquanto estavam no barco que ficou à devira próximo
à ilha de Lampedusa.
Desidratadas e em estado de choque, foram elas que deram
as primeiras informações sobre a tragédia. Logo após, duas delas tiveram que ser entubadas
e transferidas ao hospital na cidade de Palermo.
O fato aconteceu apenas três
dias depois da descoberta de 25 cadáveres no porão de um barco pesqueiro que aportou
em Lampedusa na madrugada da última segunda-feira, com 271 refugiados a bordo. Pessoas
em fuga da guerra, vítimas inocentes que fazem aumentar as cifras de uma tragédia
que já matou, nas águas do canal da Sicília, pelo menos 5.962 pessoas desde 1994.
Com
base nos relatos dos sobreviventes, a embarcação teria deixado a costa da Líbia na
sexta-feira passada com destino à Lampedusa. Mas poucas horas depois da partida, um
problema interrompeu a navegação deixando o barco a mercê das correntes por alguns
dias, sob o sol ardente. O barco, com cerca de 20 metros, foi encontrado na terca-feira
à tarde por quatro lanchas e um helicóptero da Guarda Costeira quando estava a cerca
de 90 milhas de Lampedusa, ainda em águas territoriais da Líbia.
Antes de iniciarem
o socorro, as autoridades italianas teriam pedido ajuda de um navio da OTAN que estava
a apenas 27 milhas da embarcação com os imigrantes. Apesar da proximidade, a OTAN
não teria respondido e deixado que a embarcação continuasse à deriva. O Governo italiano
quer respostas da OTAN, tanto que solicitou ao Ministro da Defesa e das Relações Internacionais
para intervir junto ao comando da operação contra a Líbia, sediado em Nápoles. (RB)