EX-PRESIDENTE DO EGITO VAI DE MACA À PRIMEIRA AUDIÊNCIA
Cidade
do Vaticano, 03 ago (RV) – O processo contra o ex-presidente Hosni Mubarak não
poderia ter iniciado com cena mais dramática do que aquela do ex-ditador sendo levado
numa maca e colocado atrás das grades e, do lado de fora, uma multidão enfurecida.
A
audiência foi retomada no final da manhã, depois de ter sido interrempida por um breve
período. Emissoras do Egito transmitiram ao vivo, inclusive com telões nas ruas. No
Cairo, a tensão é alta. Centenas de policiais da tropa de choque foram mobilizados
para separar os manifestantes a favor e contra Mubarak, que atiravam pedras. Cerca
de 50 pessoas ficaram feridas em frente à academia de polícia, onde o processo ocorre
.
Nos tribunais, Mubarak e seus dois filhos terão que responder pelos crimes
de corrupção, abuso de poder e homicídio múltiplo agravado pela morte de dezenas de
manifestantes durante os protestos no início do ano, que matou 800 pessoas e deixou
mais de 6 mil ficaram feridas. Hosni Mubarak e seus filhos, de dentro da cela, rejeitaram
todas as acusações. Durante o processo, o ex-presidente continuará detido em um hospital
que está localizado dentro do complexo da Academia de Polícia, no Cairo.
O
padre jesuíta Samir Khalil Samir, egípcio, professor da Universidade Saint Joseph,
em Beirute, no Líbano, analisa o que pode mudar no Egito com o processo contra Mubarak.
“O
processo não vai mudar as coisas, mas é importante. Em um tempo me perguntava: poderemos
perdoá-lo, é um homem de 83 anos...ele errou, mas basta. Mas penso que um processo
seja útil, desde que não seja uma espécie de vingança. Se trata de mostrar o justo
e o falso e porque este governo, que durou 30 anos, quase 31, errou tanto. Deve ser
uma lição para o povo e para o próximo governo para dizer: todos podem ser julgados.
Nós, entretanto, sempre vivemos assim. Nenhum chefe de estado jamais foi julgado no
mundo árabe islâmico. Devemos aprender ainda a entrar num sistema democrático para
entrar no mundo moderno”. (RB)