2011-08-02 19:01:26

São Justino de Jacobis, bispo evangelizador da Etiópia, nos 150 anos da morte


RealAudioMP3


A 31 de Julho de 1860 falecia na Etiópia um missionário lazarista italiano que dedicou boa parte da sua vida ao serviço da população deste país do Corno de África, de que tanto se fala agora pela grande carestia com que se confronta. Canonizado em 1975, por Paulo VI, Justino de Jacobis foi comemorado domingo passado, na sua terra natal – San Fele (Potenza, sul da Itália), na conclusão das celebrações dos 150 anos da sua morte. Presidiu a uma Santa Missa comemorativa o arcebispo D. Fernando Filoni, Prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos. Neste programa “Sal da Terra / Luz do Mundo”, dedicado a “factos e personagens da história da Igreja”, evocamos aqui hoje este santo bem pouco conhecido, e fazemo-lo a partir da homilia da Eucaristia celebrativa de domingo passado.

^^^^^^^^^^^^^

“Sentiu compaixão por eles e curou os seus doentes” – refere o Evangelho deste último domingo. Jesus dá início a uma série de curas que parecem nunca mais acabar. Desfila diante d’Ele toda a humanidade sofredora. Tantas pessoas enfermas voltam a retomar as forças. Uma ação incrível e ininterrupta, embora Jesus saiba bem que o prodígio que veio realizar deverá penetrar em profundidade. O coração do homem estará no centro da sua missão. Veio à terra, de facto, para revelar o rosto misericordioso do Pai, que “quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade”.

Justino de Jacopis, bispo e evangelizador da Etiópia, nasceu no sul da Itália, perto de Potenza, em 1800. Cedo se deslocou, com toda a família, para Nápoles, onde entrou no Seminário. Entretanto, uma nova deslocação, desta vez para a região das Pulhas (sudeste italiano), onde prossegue os estudos teológicos, sendo ordenado padre na catedral de Brindisi, como religioso “lazarista” (isto é, da “congregação da Missão”, fundada em França, no século XVII, por São Vicente de Paulo, para a evangelização do mundo rural).
Após doze anos de ministério naquela região, foi enviado a Nápoles para prestar assistência aos doentes de uma epidemia de cólera. Aos 38 anos de idade, correspondendo a um apelo lançado pela Congregação da “Propaganda Fide”, parte para o norte da Etiópia.

Aprende a amar o povo abissínio, sua cultura e tradições. Dedica-se intensamente ao estudo do ghe’ez, a língua litúrgica indispensável para compreender os textos sagrados da antiga tradição teológica etiópica. Dez anos após a sua chegada ao país, é nomeado Vigário Apostólico da Abissínia, sendo ordenado bispo.

Para além de realizar um Seminário diocesano para as vocações indígenas, promove muitos centros de missão. Mais do que às cidades, consagra o máximo do seu esforço às zonas rurais e mais abandonadas do país, habitadas pelos mais pobres e humildes.
Escolhe um estilo de vida itinerante, modalidade a que permanecerá fiel até à morte, mantendo uma metodologia missionária simples, modesta. Viaja a pé, de aldeia em aldeia, apoiado a um cajado e levando consigo uma pequena tenda, que utiliza para o repouso noturno, nos acampamentos dos pastores, quando não encontra abrigo em alguma gruta.

Uma vida dura, de grandes provações, incluindo cinco anos de exílio, na sequência da perseguição contra ele desencadeada pelo Negus Teodoro II. Homem manso e generoso, desgasta literalmente a sua vida na obra de apostolado e na formação do clero local. Tem 59 anos quando morre em Julho de 1860, em Zula, na Eritreia, onde ficou sepultado e é venerado.

^^^^^^^^^^^^^^^^^^

A singular figura de São Justino de Jacopis ilumina um domingo que a liturgia dedica ao tema do pão, prelúdio da Eucaristia, “o pão vivo descido do céu”. O evangelista Mateus dá a entender como fosse extraordinário o intuito das pessoas que cercam com insistência, quase que sufocando-o, o jovem messias de Nazaré. Homens e mulheres deixam as suas ocupações quotidianas para correr atrás dele. Seguem-no por toda a parte, conquistados pelas suas palavras. Precedem-no mesmo para além do lago, naquele lugar que deveria ficar “secreto”. Jesus tinha necessidade dum pouco de repouso, mas o amor vence. Partilhar as aflições e preocupações da multidão, escutar as suas penas, faz parte da solicitude do pastor.
Ei-lo, pois, mais uma vez pronto a aliviar o pesado fardo da humanidade sofredora. A debilidade dos outros, usada por alguns para discriminar ou sujeitar, é para ele oportunidade de graça.

(…) Bem o compreendeu São Justino de Jacopis que, através de instrumentos simples, soube dar espaço à ação de Deus no meio da sua gente. A 150 anos da sua morte, a sua memória permanece viva na Etiópia e na Eritreia.
Logo depois de São Frumêncio, ali chamado “o revelador da Luz”, os católicos eritreus e etíopes consideram são Justino como o seu novo pai na fé, porque, através de uma incansável atividade, fez renascer a Igreja católica naquelas terras. Confiemos a Deus, nestes tempos nada fáceis, as dificuldades da Igreja missionária, particularmente na África.








All the contents on this site are copyrighted ©.