2011-08-02 12:11:49

Os cristãos perante o Ramadão: entrevista ao Secretário do Conselho para o Diálogo Inter-religioso


(2/7/2011) Teve ontem início no mundo muçulmano o Ramadão, o mês de jejum, um dos cinco pilares do Islão. Um mês de dedicado de modo particular à oração e à solidariedade para com os pobres. Entrevistado pelo colega Sérgio Centofanti, o secretário do Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-religioso, arcebispo D. Pier Luigi Celata, fala da importância e significado do Ramadão para as muçulmanos, e da atitude que suscita nos cristãos.

- Para o muçulmano observante – como sabemos – o mês do Ramadão é particularmente importante tanto na dimensão pessoal e familiar, como também social, em geral. De facto, neste mês os muçulmanos são convidados a reencontrar mais em profundidade a sua relação com Deus e consigo próprios, através do jejum, da oração, do dom da misericórdia (a pedir a Deus e a conceder aos outros), da esmola e do cuidado posto nas relações interpessoais.
Aos nossos irmãos muçulmanos nós asseguramos antes de mais a nossa proximidade espiritual, fazendo votos de que eles possam realizar tudo aquilo que o seu coração de crentes em Deus deseja para si mesmos e para todos os marginalizados, uma maior solidariedade, o respeito pela vida, e a paz.

- O mundo árabe está a viver um período difícil, entre novas esperanças e temores: qual é o papel das comunidades cristãs que vivem nestes países, sobretudo neste mês de jejum?

- Sabemos que as comunidades cristãs presentes no mundo árabe partilham plenamente os desejos, as preocupações, o empenho, que são próprios de todos os cidadãos daqueles países. Especialmente neste mês, geralmente as comunidades cristãs abrem-se a encontros especiais, conviviais, por ocasião da Iftar – a quebra do jejum – à noite, e têm particulares atenções para com os irmãos muçulmanos, em termos de proximidade, de solidariedade, e mesmo de oração por eles. Neste período os cristãos estão especialmente chamados a serem testemunhas daquela solicitude pelo homem, por cada homem e por cada mulher, segundo a graça que nesse sentido lhes concede Jesus, morto e ressuscitado por todos. Portanto é natural a sua expectativa de que as novas estruturas institucionais previstas em alguns países sejam expressão de um autêntico respeito pela dignidade de cada pessoa e dos seus direitos fundamentais, a começar pelo direito a uma efetiva liberdade religiosa.

- Todos os anos a Igreja católica envia uma mensagem de bons votos, por ocasião do final do Ramadão: um sinal de amizade e de diálogo com o mundo muçulmano…

- Sim, o Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso envia, todos os anos, na altura do Id alfitr – o encerramento do mês do Ramadão – uma mensagem de felicitações e de bons votos para os muçulmanos. De facto, estamos já a enviar esta mensagem para o fim do Ramadão, agora começado. A mensagem conterá, como habitualmente, expressões de votos, felicitações e o convite a refletir sobre um tema particular de interesse comum.








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