BISPO DE DJIBUTI: MUNDO OUÇA O PAPA, NÃO FIQUE INDIFERENTE AO SOFRIMENTO DOS POVOS
DO CHIFRE DA ÁFRICA
Cidade do Vaticano, 1º ago (RV) - "É proibido ficar indiferentes diante da
tragédia dos famintos e sedentos": foi o que afirmou o Papa no Angelus deste
domingo, dirigindo um veemente apelo a fim de que se ajudem os povos do Chifre da
África atingidos por uma terrível penúria.
Por sua vez, a União Africana anunciou
um encontro de cúpula que se realizará na próxima terça-feira, dia 9, em Adis-Abeba
– capital etíope –, para discutir a situação. Por outro lado, o Programa Mundial de
Alimentos (PMA) assegurou que a ponte aérea humanitária não será interrompida, apesar
dos confrontos armados que se verificam nestes dias em Mogadíscio – capital da Somália
– entre os extremistas islâmicos Shabaab e as tropas do governo de transição.
Mas
voltemos às palavras do Papa com o testemunho do Bispo de Djibuti e Administrador
Apostólico de Mogadíscio, Dom Giorgio Bertin, entrevistado pela Rádio Vaticano:
Dom
Giorgio Bertin:- "Este apelo é extremamente importante também para um despertar
da generosidade das pessoas que neste momento no ocidente europeu, provavelmente,
estão particularmente preocupadas sobre como passar as férias. Então as palavras do
Papa despertam certamente a atenção e a sensibilidade das pessoas."
RV:
O Papa ressaltou justamente isto: o perigo da indiferença...
Dom Giorgio
Bertin:- "O perigo da indiferença e o perigo da rotina. Eu mesmo disse isso no
domingo, estava num navio italiano que presta serviço militar aqui no Oceano indiano,
e também eles se mostraram um pouco alheios a toda essa situação, mesmo estando aqui,
e me diziam ter tomado conhecimento desse problema ouvindo a Rádio Vaticano."
RV:
Para agravar – ainda mais – a situação, além do problema gravíssimo da penúria, temos
a questão dos confrontos, que não cessam, e isso dificulta as ajudas humanitárias...
Dom
Giorgio Bertin:- "Exatamente. Esse é o problema grave das regiões centro-sul da
Somália, enquanto em outras zonas, como aqui em Djibuti, não temos esse problema de
contínuos confrontos armados e da falta de autoridade. Portanto, a situação permanece
dramática no centro-sul da Somália. Em particular, neste momento, tal situação complica
a ação humanitária em Mogadíscio. Há boa vontade, existem os meios, mas falta a receptividade."
RV:
A União Africana anunciou um encontro de cúpula para 9 deste mês, justamente para
ver como enfrentar essa emergência. Quais são seus votos?
Dom Giorgio
Bertin:- "Meus votos é que respondam com urgência a essa situação, mas é preciso
que também tomem consciência da situação – quer da parte da União Africana, quer da
parte da comunidade internacional – para que busquem não somente responder à emergência
atual, mas também prever para o futuro como melhor evitar catástrofes dessa natureza."
RV:
O senhor é também presidente da Caritas local. Qual tem sido a atuação desse organismo
caritativo da Igreja?
Dom Giorgio Bertin:- "A Caritas está
atuando tanto aqui em Djibuti quanto na Somália. Aqui em Djibuti podemos agir diretamente
mediante as nossas estações missionárias fora da cidade de Djibuti – a capital. Temos
quatro dessas estações e, portanto, podemos agir diretamente. Ao invés, na zona sul
da Somália, infelizmente, não podemos agir diretamente, vista a situação, mas agimos
mediante parcerias locais com as quais estabelecemos, há anos, uma certa relação de
confiança. Há, sobretudo, uma resposta no que diz respeito à questão das tendas, porque
neste momento existe o problema da chuva na faixa costeira em Mogadíscio, e há também
o fornecimento de víveres e medicamentos." (RL)