2011-07-30 11:26:36

IRAQUE: CRISTÃS E MUÇULMANAS REUNIDAS PELA IGUALDADE E PELO FIM DA VIOLÊNCIA


Kirkuk, 29 jul (RV) – Mulheres cristãs e muçulmanas, no Iraque, uniram-se para lutar contra a violência. A União Livre das Mulheres (cristãs) de Bethnahrain, em Kirkuk, no norte do país, realizou nesta sexta-feira, na grande sala da catedral caldeia, uma conferência sobre o tema da violência contra as mulheres. Presentes, mais de 100 mulheres cristãs e muçulmanas, além de componentes do governo e da sociedade civil.

Já como preparação para o evento, a União havia feito uma pesquisa com mil mulheres em Kirkuk interrogando sobre as violências por elas sofridas. 80% das entrevistadas revelaram ter sofrido algum tipo de violência – variando na gravidade de caso a caso – e disseram perceber que o fenômeno está em plena escalada.

O encontro contou com a participação ainda do Arcebispo de Kirkuk, Dom Luis Sako, que ilustrou o olhar cristão para a mulher. “O cristianismo – ressaltou o prelado – jamais considerou que as mulheres sejam inferiores aos homens ou sejam um elemento de importância secundária. Na hierarquia, segundo o conceito teológico da Criação, há igual importância no referente a valor humano e capacidade”.

Retomando as palavras da Bíblia de que “Deus criou o homem a sua imagem e semelhança”, disse que homens e mulheres foram criados à imagem e semelhança de Deus, e ressaltou que esse mesmo conceito é retido no Novo Testamento “a Nova Criação continua de glória em glória”. Ele explicou que, mesmo podendo criar seres superiores e inferiores, de acordo com a visão cristã, Deus criou o gênero humano – macho e fêmea – e os dotou de igual valor e dignidade em tudo. “Mulheres e homens – continuou o prelado – são parceiros complementares na criação e na salvação operada por Cristo.”

Segui sua explicação expondo que, no Evangelho, não se faz diferença alguma entre mulheres e homens, pois ambos derivam da essência de Deus Pai. “Em Deus não há distinção de sexo, nem a favor das mulheres, nem em benefício dos homens”, disse o Arcebispo, completando que a discriminação contra as mulheres não existe em Deus, não vem de Deus. E relembrou o modo íntegro como Jesus sempre tratou as mulheres, afirmando que esse é o exemplo a ser seguido.

Recordou também as palavras do Papa João Paulo II na sua Exortação Apostólica “uma nova esperança para o Líbano”, de 1997, na qual afirma claramente que as mulheres merecem especial atenção para que seus direitos sejam respeitados. Na ocasião, o Papa lembrou que a Igreja, na doutrina antropológica e educativa, sublinha a paridade de direitos entre mulheres e homens, já que “todo ser humano é criado à imagem e semelhança de Deus”.

Concluindo, prelado afirmou que as mulheres devem ter, em paridade com os homens, direitos políticos, sociais, econômicos e educacionais, ou seja, devem ser tratadas com a mesma dignidade e sem discriminações. Ele criticou, em seguida, “o equivocado sistema patriarcal e os seus obsoletos usos e costumes na sociedade, os quais estão na origem dos fenômenos de violência contra as mulheres, porque as classifica como inferiores”.

No fechamento da Conferência foram elencados alguns pontos fundamentais para a valorização da obra feminina. Entre esses, a formação da personalidade da mulher, a auto-valorização de si mesma, das suas convicções e a firmação da confiança em si mesma. Foi ressaltada a importância de se lutar contra todo o tipo de discriminação, lutando pela justiça, paz e unidade da Criação. Como instrumento para que essas ações sejam realizadas, aconselhou-se a leitura, o estudo a análise, as ações feitas com consciência, e não movidas por uma obediência cega.

Por fim, falou-se da presença ativa da mulher, que deve ter um papel de decisão e também no que diz respeito à fé, tanto nas igrejas, quanto nas mesquitas, favorecendo o respeito pelo plano divino e condenando todo tipo de violência. (ED)








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