ANGELUS: RECORDANDO ATENTADOS NA NORUEGA, PAPA EXORTA A SE ABANDONAR CAMINHOS
DO ÓDIO E LÓGICAS DO MAL
Castel Gandolfo, 24 jul (RV) - "Na vida do homem a coisa mais importante é
o esforço para alcançar o Reino dos céus." Esse é um convite e, ao mesmo tempo, "um
compromisso nosso" a ser recordado em todas as circunstâncias da vida, durante o trabalho,
durante a oração e nos momentos de repouso.
Foi o que afirmou Bento XVI ao
meio-dia deste domingo na alocução que precedeu a oração do Angelus, ressaltando
que o homem deve ser orientado por "uma consciência sempre aberta à verdade e sensível
à justiça para servir o Reino de Deus".
Após a oração mariana, recitada na
residência apostólica de verão de Castel Gandolfo, o Papa recordou os graves ataques
terroristas ocorridos nesta sexta-feira na Noruega. De fato, Bento XVI, recordando
o dúplice atentado no país do norte da Europa, fez um veemente apelo e expressou o
seu profundo pesar:
"Mais uma vez, infelizmente, chegam notícias de morte e
de violência. Todos sentimos um grande pesar pelos graves atos terroristas ocorridos
sexta-feira na Noruega. Rezemos pelas vítimas, pelos feridos e por seus entes queridos.
A todos repito, mais uma vez, o veemente apelo a abandonarem para sempre o caminho
do ódio e a fugirem das lógicas do mal."
O Pontífice expressou a sua proximidade
à população norueguesa atingida "pela insensata violência dos atentados" também numa
mensagem de pesar enviada ao rei da Noruega Harald V.
Na mensagem, o Santo
Padre exorta os noruegueses "a permanecerem espiritualmente unidos no firme intento
de repelir os caminhos do ódio e do conflito" e a trabalharem juntos, sem medo, "para
construírem um futuro de respeito recíproco, solidariedade e liberdade para as gerações
futuras".
Na alocução que precedeu a oração dominical, Bento XVI se deteve
sobre a figura do rei Salomão, que pediu ao Senhor não uma vida longa, riquezas ou
a eliminação de seus inimigos, mas um coração dócil, "para que soubesse fazer justiça"
ao povo e "distinguir o bem do mal". O Senhor aceitou seu pedido e Salomão tornou-se
célebre no mundo inteiro "por sua sabedoria e seus retos juízos". Mas o que significa
ter um "coração dócil"?
"Sabemos que o "coração" na Bíblia não indica somente
uma parte do corpo, mas o centro da pessoa, a sede das suas intenções e dos seus juízos.
Podemos dizer: a consciência. "Coração dócil", então, significa uma consciência que
sabe ouvir, que é sensível à voz da verdade, e por isso é capaz de discernir o bem
do mal."
No caso de Salomão – acrescentou o Pontífice –, o pedido de um "coração
dócil" é motivado pela responsabilidade de conduzir uma nação, Israel, o povo que
Deus escolheu para manifestar ao mundo o seu desígnio de salvação.
"Portanto,
o rei de Israel deve buscar estar sempre em sintonia com Deus, à escuta de sua Palavra,
para conduzir o povo nos caminhos do Senhor, o caminho da justiça e da paz."
Mas
o exemplo de Salomão vale para todo homem – explicou o Santo Padre:
"Cada um
de nós tem uma consciência para ser, num certo sentido, "rei", ou seja, para exercer
a grande dignidade humana de agir segundo a reta consciência, fazendo o bem e evitando
o mal. A consciência moral pressupõe a capacidade de ouvir a voz da verdade, de ser
dócil às suas indicações."
O exemplo de Salomão deve resplandecer, sobretudo,
naqueles que têm responsabilidades institucionais e políticas.
"As pessoas
chamadas a tarefas de governo têm naturalmente uma responsabilidade ulterior, e, portanto
– como ensina Salomão –, têm ainda mais necessidade da ajuda de Deus. Mas a cada um
cabe fazer a sua parte, na situação concreta em que se encontra."
Cada um deve
confiar na consciência reta e ser capaz de distinguir o bem do mal:
"Uma mentalidade
errônea nos sugere pedir a Deus coisas ou condições de favor; na realidade, a verdadeira
qualidade da nossa vida e da vida social depende da consciência reta de cada um, da
capacidade de cada um e de todos de reconhecer o bem, distinguindo-o do mal, e de
buscar pacientemente fazer tal distinção."
Por fim, o Papa exortou todos a
seguirem Jesus:
"Estendo a todos o convite a seguirem Jesus, o verdadeiro tesouro
da existência cotidiana. Bom domingo a todos. Obrigado de coração por suas orações.
Que o Senhor os abençoe."
O Santo Padre concedeu a todos a sua Bênção apostólica.
(RL)