PAPA EXPRESSA PREOCUPAÇÃO E SOLIDARIEDADE CONCRETA PARA COM A SOMÁLIA
Cidade do Vaticano, 15 jul (RV) - O Pontifício Conselho Cor Unum, fazendo-se
intérprete da preocupação e dos sentimentos de solidariedade com os quais Bento XVI
está seguindo a grave situação em que se encontra a Somália, dispôs o envio, em nome
do Papa, de uma primeira, pequena ajuda de 50 mil euros.
A soma foi confiada
ao Bispo de Djibuti e Administrador Apostólico de Mogadíscio, Dom Giorgio Bertin.
A notícia foi comunicada pelo próprio dicastério vaticano, que justamente neste 15
de julho festeja seus 40 anos de fundação, por obra do Papa Paulo VI.
Fome
e sede, duas exigências primárias para um ser humano: de automática e rápida satisfação
para muitos, dramaticamente sem resposta para muitos outros. Dá-se na Somália, uma
terra que se tornou inóspita como o pior dos desertos, cujas rachaduras áridas e queimadas
pelo sol são a marca da tragédia de um povo que está lentamente morrendo de penúria.
Na
realidade, todo o Chifre da África encontra-se em situação de extrema gravidade. Dez,
onze milhões de pessoas – população equivalente à de Portugal – sofrem a seca impiedosa
que mata homens e animais e seca a plantação na raiz, numa área que compreende também
a Etiópia e o Quênia, onde, no norte, não chove há um ano.
Infelizmente, o
drama é antigo e o olhar de Bento XVI – que sempre teve toda a África no coração –
muitas vezes voltou-se para a Somália. Seis meses após a sua eleição à Cátedra de
Pedro, ao dirigir-se aos bispos da Etiópia e da Eritréia, um dos seus primeiros pensamentos
foi dedicado ao povo desse martirizado país.
"Encorajo-os a expressarem solidariedade
do modo como puderem a seus irmãos e irmãs que sofrem na Somália, onde a instabilidade
política torna quase impossível viver com a dignidade própria de toda pessoa humana."
(Audiência aos bispos da Etiópia e Eritreia, 17 de outubro de 2005)
Em
2007, a capital da Somália, Mogadíscio, era um campo de batalha. Atirava-se casa por
casa, numa luta interna que visava por prêmio a supremacia política, à custa de inúmeros
corpos abandonados pelas ruas. Entre março e abril desencadeava-se o caos. Dezenas
de milhares de civis fugiram ou morreram, numa barbárie de violência que provocou
uma nova catástrofe humanitária, que se prolongou nos meses sucessivos e que Bento
XVI não ignorou:
"Acompanho com apreensão o desdobramento dos eventos e apelo
àqueles que têm responsabilidades políticas, local e internacional, a fim de que sejam
encontradas soluções pacíficas e se leve alívio àquela cara população. Ao mesmo tempo,
encorajo os esforços daqueles que, mesmo na insegurança e dificuldade, permanecem
naquela região para levar ajuda e alívio aos habitantes." (Audiência Geral, 21
de novembro de 2007)
Num mundo em que o crescimento da interdependência
entre os Estados ensinou, embora com dificuldade, a globalizar também o conceito de
solidariedade, a Igreja reforça, e não raramente coordena – com as estruturas da Caritas
– a ação de apoio nos casos de emergências.
Em particular, o Papa – graças
à visão de futuro de Paulo VI que o instituiu em 15 de julho de 1971 – tem à disposição
o dicastério Cor Unum para fazer chegar ao epicentro da necessidade o sinal
da sua proximidade.
Um sinal de amor pelo homem que quer ser reflexo do amor
divino e que, justamente por isso, não pode prescindir de tudo aquilo que concerne
às condições práticas da vida humana:
"O agir para melhorar tais condições
diz respeito à sua própria vida e à sua missão, porque a salvação de Cristo é integral
e concerne ao homem em todas as suas dimensões: física, espiritual, social e cultural,
terrena e celeste. Justamente dessa consciência nasceram, ao longo dos séculos, muitas
obras e estruturas eclesiais finalizadas à promoção das pessoas e dos povos, que deram
e continuam dando uma contribuição insubstituível para o crescimento, o desenvolvimento
harmônico e integral do ser humano." (RL)