ARCEBISPO CELLI NO RIO DE JANEIRO: RENOVAR A LINGUAGEM DA IGREJA PARA TOCAR O CORAÇÃO
DO HOMEM
Cidade do Vaticano, 13 jul (RV) - Teve início nesta terça-feira, no Rio de
Janeiro, o I Seminário de Comunicação para os Bispos do Brasil. Promovido pelo Pontifício
Conselho das Comunicações Sociais e pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
(CNBB), o encontro quer oferecer um espaço de reflexão não somente para relançar a
mídia católica, mas também para renovar a linguagem da Igreja diante da evolução tecnológica.
Nosso colega Silvonei José, que está no Rio de Janeiro acompanhado de perto os trabalhos,
entrevistou o Presidente do Pontifício Conselho das Comunicações Sociais, Dom Claudio
Maria Celli. Eis o que disse o Arcebispo:
Dom Claudio Maria Celli:-
"Creio que seja uma etapa muito importante iniciada com os bispos brasileiros. A Igreja
no Brasil se interroga, mediante os seus pastores, sobre o que significa hoje comunicar,
que não é somente informar, mas é, substancialmente, um anúncio, um anúncio formulado
num diálogo respeitoso com o homem de hoje e um anúncio consciente daquilo que o homem
hoje está procurando, daquilo de que o homem hoje precisa. Eis o motivo pelo qual
a Igreja deve interrogar-se, não somente sobre os conteúdos de seu anúncio – e os
conteúdos não podem deixar de ser uma pessoa, Jesus Cristo –, mas a Igreja deve também
interrogar-se sobre como anunciar. E aí entra em jogo o tema da linguagem: que linguagem
usamos hoje? Deve ser uma linguagem compreensível ao homem de hoje, entender o homem
em seus sofrimentos, em suas solidões: o homem de hoje precisa de calor, precisa de
silêncio. O homem de hoje muitas vezes produz somente vozearia e frio. Este é o grande
problema: entender o que anunciar, mas conhecendo profundamente aquilo que o homem
carrega em seu coração e ver como a Igreja pode responder a essa exigência profunda
do homem de hoje."
RV: Como a Igreja pode ajudar o homem, por vezes desorientado
pelo ribombar dos meios de comunicação?
Dom Claudio Maria Celli:-
"Penso que a Igreja, mediante a mídia que tem à sua disposição, deve ajudar essa atitude
de busca do homem. Como hoje a sociedade produz vozearia, produz barulho, por vezes
é difícil para o homem de hoje compreender o sentido profundo da palavra que a Igreja
tem em seu coração, em suas mãos, a ser oferecida. Esse é um problema que se apresenta
todos os dias: a educação ao silêncio para melhor ouvir, a educação ao silêncio para
melhor compreender-se, porque o homem hoje tem dificuldade de encontrar a si mesmo
e, por vezes, precisa de vozearia para não buscar em seu coração quais são as exigências
mais verdadeiras e mais profundas. E a Igreja deve ajudar o homem nessa busca. E deve
apoiá-lo, porque hoje, por vezes, o mundo diz que ele não deve buscar, quase violentando
essa busca interior do homem – diria. A meu ver, essa é uma grande missão da Igreja
no contexto dos nossos dias." (RL)