IGREJA CELEBRA FESTA DE SÃO BENTO: DEUS EM PRIMEIRO LUGAR
Cidade do Vaticano, 11 jul (RV) - A Igreja celebra nesta segunda-feira a Festa
de São Bento, Padroeiro da Europa. O Santo Padre recordou-o no Angelus deste
domingo convidando os fiéis a aprenderem do fundador do monaquismo ocidental a colocar
Deus em primeiro lugar. Já na primeira audiência geral de seu Ministério petrino –
em 27 de abril de 2005 –, Bento XVI recordou a exortação de São Bento, Patrono de
seu Pontificado: "nada antepor a Cristo":
"No início do meu serviço como Sucessor
de Pedro peço a São Bento que nos ajude a manter firme a centralidade de Cristo em
nossa existência. Que Ele esteja sempre em primeiro lugar em nossos pensamentos e
em toda nossa atividade!"
O Pontífice dedicou de modo específico ao Santo de
Núrcia a audiência geral de 9 de abril de 2008, ressaltando o valor da sua obra, realizada
no Séc. VI, num período caracterizado "por uma grande crise de valores e de instituições,
causada pelo queda do Império Romano, pela invasão dos novos povos e pela decadência
dos costumes":
"De fato, a obra do Santo e, de modo particular, a sua Regra,
se revelaram portadores de um autêntico fermento espiritual, que mudou o curso dos
séculos, muito além dos confins da sua pátria e de seu tempo, o rosto da Europa, suscitando
após a queda da unidade política criada pelo Império Romano uma nova unidade espiritual
e cultural, aquela fé cristã partilhada pelos povos do continente. Nasceu justamente
assim a realidade que nós chamamos "Europa"."
Uma grande obra nascida no silêncio.
Com apenas vinte anos, Bento deixa os estudos iniciados em Roma "chocado com o estilo
de vida de muitos seus companheiros... que viviam de modo dissoluto, e não queria
cair no mesmo erro deles. Queria agradar somente a Deus". Retirou-se para os montes
em Subiaco – na região italiana do Lácio – e viveu por três anos completamente só
numa gruta. Um período de solidão com Deus, um tempo de amadurecimento para superar
as três tentações fundamentais de todo ser humano:
"A tentação da auto-afirmação
e do desejo de colocar a si mesmo no centro, a tentação da sensualidade e, por fim,
a tentação da ira e da vingança. De fato, era convicção de Bento que, somente após
ter vencido essas tentações, ele poderia dizer aos outros uma palavra útil para a
situação deles de necessidade."
Somente depois disso começa a fundar os primeiros
mosteiros. A sua ação baseia-se no "Ora et Labora" (Reza e Trabalha): a oração é o
fundamento de toda sua atividade:
"Sem oração não há experiência de Deus. Mas
a espiritualidade de Bento não era uma interioridade fora da realidade. Na inquietação
e na confusão de seu tempo, ele vivia sob o olhar de Deus e, justamente assim, jamais
perdeu de vista os deveres da vida cotidiana e o homem com as suas necessidades concretas.
Vendo Deus entendeu a realidade do homem e a sua missão. Em sua Regra... ressalta...
que a oração é, em primeiro lugar, um ato de escuta: "O Senhor espera que nós respondamos
todos os dias com fatos aos seus santos ensinamentos"."
A vida do monge torna-se
assim "uma simbiose fecunda entre ação e contemplação", a fim de que "em tudo Deus
seja glorificado". A obra de São Bento forja a civilização e a cultura da Europa que,
após as "trágicas utopias" do Séc. XX, ainda está em busca da sua identidade – afirma
o Papa:
"Para criar uma unidade nova e duradoura são certamente importantes
os instrumentos políticos, econômicos e jurídicos, mas é preciso também suscitar uma
renovação ética e espiritual que recorra às raízes cristãs do Continente, do contrário,
não se pode reconstruir a Europa. Sem essa linfa vital, o homem permanece exposto
ao perigo de sucumbir à antiga tentação de querer redimir-se sozinho – utopia que,
de modos diferentes, causou na Europa do Séc. XX, como frisou o Papa João Paulo II,
"um regresso sem precedentes na atormentada história da humanidade"." (RL)