Nova York, 08 jul (RV) – Publicado ontem o primeiro relatório da nova agência
das Nações Unidas dedicada à mulher, a UN Woman, criada em janeiro desse ano, a partir
da fusão de quatro órgãos da ONU que trabalham para a defesa dos direitos das mulheres.
Na presidência da nova agência, a ex-presidente do Chile, Michelle Bachelet, que escolheu
o tema da justiça para trabalhar com a emancipação da mulher.
Segundo Bachelet,
o século passado viu expandir-se no mundo a defesa dos direitos das mulheres, mas
isso ainda não se traduziu em igualdade e justiça. Vamos a alguns dados: há 100 anos,
somente dois países reconheciam o direito ao voto das mulheres, hoje esse direito
é quase universal; dos 192 países que fazem parte da ONU, 186 ratificaram a Convenção
para Eliminar Todas as Formas de Violência contra as Mulheres e 193 garantem igualdade
de direitos nas suas Constituições.
Conduto, normas inadequadas e lacunosas
fazem com que essas garantias se transformem em promessas vagas. Isso se traduz, por
exemplo, no fato de que 600 milhões de mulheres (que representam mais da metade das
trabalhadoras do mundo) têm empregos precários, sem garantias e direitos.
No
que tange a legislação, milhões de mulheres sofrem violências na vida privada, das
quais 90% não são denunciadas e cujos agressores não são punidos em 127 países. Inaceitável
a violência sexual sendo usada em grande escala como arma de guerra.
Inúmeros
estudos e estatísticas já demonstraram que a igualdade de oportunidades e salários
é chave indispensável para o crescimento econômico e social global. A UN Woman formulou,
portanto, dez sugestões a serem adotadas pelos países, vamos a elas: apoiar as organizações
das mulheres no âmbito legal; incrementar a presença nas estruturas jurídicas e policiais;
favorecer o acesso à justiça e dar apoio ao longo dos processos; supervisionar a equidade
destes; reforçar os programas de reparação aos danos sofridos, inserir as cotas rosas
para aumentar o número de parlamentares mulheres; colocar a igualdade de direitos
no centro dos Objetivos do Milênio.
Para que tudo isso seja implementado,
serão necessários esforços conjuntos, vontade política, mudança de paradigmas, conscientização
e financiamento. Michelle Bachelet estimou em 500 milhões de dólares a soma que precisa
recolher para a agência de Estados e organizações internacionais, mas, até agora,
somente 80 milhões foram arrecadados. (ED)