Lima, 06 jul (RV) - O presidente eleito do Peru, Ollanta Humala, recebeu o
pedido de um nascituro para que no dia 28 de julho, quando assumir o cargo, jure também
pela vida dos não-nascidos e não ceda às pressões dos que querem descriminalizar o
aborto no país.
O pedido chegou através de uma carta escrita pelo Arcebispo
de Piura (Peru), Dom José Antonio Eguren, e publicada no jornal El Comercio no dia
2 de julho, confiando que Humala e todos os peruanos “ao lerem com seriedade e a acolherão
para o bem de nossa pátria”.
A carta inicia com: “Sou uma criança ainda por
nascer, quer dizer, o menor e mais frágil integrante da família peruana. Eu ainda
não voto, mas desde o instante que fui concebido no seio de minha mãe, sou tão peruano
como aquele compatriota que já o fez.
Por isso, quero felicitá-lo por sua
eleição como novo presidente de nosso país. Alegrou-me muito saber que junto com sua
esposa Nadine você formou uma bonita família com três filhos. Eu também sonho com
o dia de meu nascimento para, como eles, ver o amanhecer e a luz de cada dia e trazer
paz e felicidade ao meu lar e a outros.
Sei que o Sr. tem uma grande sensibilidade
social e um grande amor pelos pobres. Que quer trabalhar pela justiça, os direitos
humanos e a inclusão social. Peço-lhe em meu nome, e em nome de todas as crianças
por nascer do Peru, que não nos esqueça.
Dentre todos os pobres, nós somos
os mais pobres, porque nem sequer temos voz para nos defendermos. O Sr., como presidente
do Peru, seja nossa voz e defesa. Bem sabe que o direito à vida é o direito humano
fundamental sem o qual os outros não existiriam.
Alguns, com o desejo de convencê-lo
para que o crime do aborto seja aprovado no Peru, vão dizer-lhe que sou apenas uma
parte do corpo da minha mamãe e que não sou independente; outros, que meu crescimento
não é ordenado e que sou meramente um amontoado amorfo de células que podem ser eliminadas;
outros lhe dirão que só começo a existir quando chego ao útero de minha mãe ou quando
começa a aparecer meu sistema nervoso.
Não sei se por ignorância ou com má
intenção esquecem-se do que hoje afirma unanimemente a ciência: que desde que fui
concebido, quer dizer desde que fui uma célula, já era um ser humano, tinha uma relação
com o organismo de minha mãe e, portanto, tenho o direito inviolável a viver.
Outros
irão dizer-lhe que não devo nascer, porque venho com más formações (acaso só os lindos
e sãos têm o direito a nascer e a viver?); ou porque sou produto de um estupro (e
acaso eu tenho culpa?); ou porque ponho em risco a vida da minha mãe, quando já não
há circunstâncias nas quais se deva optar entre a vida da mãe ou a do filho.
Por
favor, não acredite neles. Toda vida humana em qualquer fase ou condição é digna de
ser amada em si mesma, é sempre um bem. O aborto é a maior de todas as injustiças
e o maior destruidor da paz.
Deu-me muita esperança saber que durante sua campanha
você saía freqüentemente na propaganda eleitoral com sua esposa, suas filhas e filho.
Houve inclusive um spot que me fez saltar tanto de alegria que dei um chutinho forte
na minha mamãe. Sim, era esse da mulher grávida que terminava dizendo: "Eu sou Ângela
e marco a O. Viva o Peru, viva meu filho e vivam todos os filhos que vão nascer".
Quando
neste 28 de julho o senhor jurar como presidente de todos os peruanos, jure também
por nós, os nascituros. O capital mais importante de uma nação é seu povo. Assim,
verdadeiramente seu formoso lema se tornará realidade: "O Peru ganha".