2011-07-06 13:21:03

CARDEAL PULJIC FALA SOBRE A SITUAÇÃO DOS CATÓLICOS NA BÓSNIA


Saravejo, 06 jul (RV) – “Uma minoria tolerada, aceita por uma sociedade, uma vez exemplo de harmonia étnica e religiosa, na qual a guerra fez prevalecer a lógica da pertença a uma identidade étnica e religiosa”. É a fotografia da comunidade católica na Bósnia-Herzegovina hoje, que emerge de uma longa entrevista da agência Apic com o Cardeal Vinko Puljic. Na entrevista, o arcebispo de Sarajevo, criado cardeal pelo Papa João Paulo II em 1994 no meio do bombardeio da capital bósnia, traça um quadro com luzes e mas ainda com muitas sombras, no qual não faltam críticas à comunidade internacional e particularmente à Europa. A guerra, - explica -, alterou profundamente o equilíbrio étnico-religioso no país dos Balcãs em benefício da comunidade muçulmana e em detrimento principalmente dos católicos, especialmente os croatas, que foram impedidos de regressar às suas terras. Dos 820 mil identificados no início dos anos 90, hoje são cerca de 400 mil, o equivalente a 9% da população, mais de metade da qual é muçulmana e 37% é servo-ortodoxo.

A situação da comunidade católica - disse o Cardeal Puljic - reflete esses novos equilíbrios, fruto da limpeza étnica, e confirmada pelos Acordos de Dayton de 1995. Se as relações são melhores em relação a 16 anos atrás, elas estão ainda longe de serem ideais. Os católicos – continuou o purpurado - são, na verdade discriminados, seja politicamente, seja nas várias esferas da vida social.

Assim, construir uma igreja hoje é muito mais difícil do que construir uma mesquita: os procedimentos burocráticos para a obtenção de licenças de construção são muito longos. Além disso, “quase todos os meios de comunicação são mantidos pelo governo e todos os jornais do estado são muçulmanos”, disse o cardeal.

“Nós não temos uma televisão, mas apenas um semanário nacional católico. Em nossa Arquidiocese, temos três jornais mensais e desde 8 de dezembro último, também uma estação de rádio, "Rádio Marija Bih". Também os programas escolares são afetados por esses novos equilíbrios. “Os livros de história - disse o arcebispo de Sarajevo - afirmam que os turcos, que conquistaram o território da Bósnia, no século XV, não eram invasores, mas libertadores da opressão cristã”.

A chegada de fundamentalistas islâmicos estrangeiros durante a guerra ajudou a radicalizar o Islã bósnio, tradicionalmente moderado, embora isto seja oficialmente negado pelas autoridades. Não menos delicadas as relações com os servo-ortodoxos na qual – revela o purpurado - domina uma visão muito nacionalista da religião. A recente prisão do general Ratko Mladic não ajudou a aplacar os ânimos na comunidade sérvia da Bósnia, que o considera um herói.

Na entrevista, o Cardeal Puljic não poupou críticas à comunidade internacional, especialmente a Europa, alegando que os Acordos de Dayton penalizaram os croatas e de ter abandonado a comunidade católica. “A Europa quando vê um católico não ajuda e quando protestamos somos tratados como nacionalistas croatas”, denuncia o purpurado, afirmando que a única ajuda vem de organizações católicas internacionais, como “Renovabis”, “Ajuda à Igreja que Sofre” (AIS) ou de associações católicas e paróquias italianas. (SP)







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