Cidade do
Vaticano, 1° jul (RV) - Ensinaram-nos que deveríamos ser bons, corretos, honestos,
porque Deus é amigo das pessoas que sabem se comportar, que praticam os Seus mandamentos.
Contudo os Evangelhos nos falam algo diferente. Jesus se aproxima e tem um carinho
especial pelos pecadores públicos, pelas prostitutas e gosta de se relacionar com
outra classe rejeitada pelos perfeitos: os aleijados, os cegos, os leprosos, os mudos,
e os paralíticos. Como resolver essa situação?
Lendo o Evangelho de hoje,
Mt 11,25-30, ouvimos Jesus falar que somente ele conhece o Pai. Não são os doutores
da Lei e nem os anciãos que sabem o que agrada Deus, mas ele, Jesus, o Filho. São
os pequeninos, e não os sábios, que tiveram a revelação do coração de Deus, do que
Lhe agrada.
O Pai não quer que seus filhos queridos se sintam oprimidos e menos
ainda excluídos de seu Reino de Justiça e de Amor. Ao contrário, Ele deseja que todos
sejam incluídos, que ninguém se sinta abandonado.
Em sua homilia na festa de
São Pedro e São Paulo, o Papa Bento XVI tomou como tema a frase de Jo 15, 15 “Já não
vos chamo servos, mas amigos”, para desenvolver sua reflexão sobre pastor, ovelha
e amizade. Disse o Santo Padre: “A amizade é uma comunhão do pensar e do querer. Conheço
os meus e os meus conhecem-Me. Conhece-me de modo muito pessoal. E eu? Conheço-O a
Ele?
Se conhecemos Jesus Cristo, sabemos que a amizade com Deus não se obtém
pela rígida observância de Seus mandamentos, mas pela observância do espírito dos
mandamentos que é a justiça e o amor. Quem ama perdoa, acolhe, não julga, eleva. Vive
com Jesus a “comunhão do pensar e do querer”. Continua o Papa: “ A amizade não
é apenas conhecimento; é sobretudo comunhão do querer. Significa que a minha vontade
cresce rumo ao ‘sim’ da adesão à vontade d’Ele. Na amizade, a minha vontade, crescendo,
une-se à d’Ele: a sua vontade torna-se a minha.”
Na vida da Bem-aventurada
Irmã Dulce dos Pobres existe um gesto que sinaliza de modo eloquente sua identificação
com Jesus, sua grande amizade com o Senhor. Certa vez Irmã Dulce, como sempre fazia,
foi pedir auxílio para os pobres. Ela entrou no recinto de um senhor de posses, estendeu
a mão e solicitou a esmola. Esse senhor cuspiu na mão da bem-aventurada, que imediatamente
passou a mão no próprio rosto, em seguida a enxugou no hábito e, estendendo uma segunda
vez a mão disse: “Isso que o senhor deu foi para mim, e para os pobres, o que o senhor
dará?”
Como Jesus, Irmã Dulce se humilhou para socorrer seus queridos pobres.
Ela se identificou com o Senhor, seu modo de ser e de agir sinalizou comunhão de querer
com o Redentor.
Assim é o Coração de Jesus, assim é o coração daqueles que
são seus amigos, que se deixam moldar pelo Seu coração, que vivem na amizade a comunhão
do pensar e do querer.
Ao celebrarmos a Solenidade do Sagrado Coração de Jesus,
peçamos em uníssono, com toda a Igreja: “Senhor, fazei nosso coração semelhante ao
Vosso!” (CAS)