PAPA AOS MEMBROS DA FAO: SOLIDARIEDADE, CRITÉRIO ESSENCIAL DE TODA AÇÃO POLÍTICA

Cidade do Vaticano, 1° jul (RV) - Bento XVI recebeu em audiência, na manhã desta sexta-feira, cerca de quatrocentos participantes da 37ª Conferência da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).

Em seu discurso, o Papa reiterou o apoio da Santa Sé em favor da insubstituível atividade da FAO e confirmou o compromisso da Igreja Católica em colaborar nos esforços do organismo para responder às necessidades reais de tantas pessoas.

O pontífice ressaltou que a pobreza, o subdesenvolvimento e a fome são os resultados de comportamentos egoístas que partem do coração do ser humano e se manifestam no seu agir social, na economia, nas condições de mercado e na falta de acesso à alimentação.

"Como podemos ficar calados diante do fato que o alimento tornou-se objeto de especulação ou está ligado ao andamento do mercado financeiro, que sem regras certas e pobres de princípios morais, parece estar ancorado ao objetivo do lucro?" – perguntou o Papa.

"A alimentação é uma condição que afeta profundamente o direito à vida. É preciso fazer da solidariedade um critério essencial de toda estratégia e ação política a fim de tornar a atividade internacional e suas regras, instrumentos de serviço efetivo em favor da família humana, sobretudo dos últimos" – ressaltou Bento XVI.

O Papa sublinhou a urgência de um modelo de desenvolvimento que contemple não somente o crescimento econômico, mas também a dimensão humana, capaz de realizar a fraternidade autêntica.

"A FAO é chamada a relançar a sua estrutura libertando-a dos obstáculos que a distanciam do objetivo indicado em sua Constituição de assegurar o crescimento nutricional, a disponibilidade de produção alimentar, o desenvolvimento das áreas rurais a fim de que a humanidade possa se libertar da fome" – frisou ainda Bento XVI.

"A comunidade internacional é chamada a trabalhar coerentemente em seu mandato de promover os valores da dignidade humana, eliminando comportamentos de fechamento" – destacou o pontífice.

"Garantir alimento às gerações presentes e futuras significa proteger os recursos naturais contra a exploração frenética, a corrida ao consumo e o desperdício" – frisou o pontífice.

Bento XVI agradeceu ao Diretor-Geral da FAO, Jacques Diouf, pela competência e dedicação a esse organismo, capaz de enfrentar os problemas e as crises causadas por várias realidades globais.

Ao novo Diretor-Geral desse organismo, José Graziano da Silva, o Papa fez votos de sucesso em sua nova tarefa, "desejando que a FAO possa cada vez mais e melhor responder às expectativas de seus Estados membros e dar soluções concretas aos que sofrem por causa da fome e desnutrição". (MJ)