Em campo nuclear, estados e governos devem estudar politicas de intervenção não só
a nível técnico mas também cultural e ético
(30/6/2011) O desenvolvimento da tecnologia nuclear precisa de um desenvolvimento
paralelo de uma cultura de segurança e integridade física, não só para as pessoas
de serviço, mas também na consciência publica em geral. Foi o que afirmou o representante
da Santa Sé intervindo na Conferencia ministerial da Agencia internacional da energia
atómica efectuada nos dias passados em Viena. O espectro da catástrofe da central
japonesa de Fukushima pairou sobre os participantes na recente conferencia da Agencia
internacional da energia atómica , ditando de facto a agenda dos trabalhos e em particular
a reflexão do representante da Santa Sé sobre aquilo que definiu “um problema global”
A crise desencadeada em Fukushima pelo sismo e pelo tsunami, e sobretudo as suas dramáticas
consequências, devidas á contaminação radioactiva de pessoas, animais, água e solos
exige - afirmou antes de mais o expoente da Santa Sé – que as autoridades empenhadas
na crise nuclear no Japão procedam com a máxima transparência e em estreita cooperação
com a Agencia internacional da energia atómica . Contudo, prosseguiu, o desastre
põe numerosas perguntas. É legitimo – perguntou – construir ou conservar reactores
nucleares operacionais sobre territórios que estão expostos a graves riscos sísmicos?
E ainda: a tecnologia de fissão nuclear ou de construção de novas centrais atómicas
ou a actividade constante daquelas existentes excluem o erro humano nas suas fases
de elaboração, de funcionamento normal ou de emergência? Existe depois a questão do
desmantelamento dos reactores nucleares obsoletos que coloca perguntas ulteriores:
o que é que se vai fazer do material nuclear? O quê e quem será sacrificado? O problema
do que fazer com os resíduos radioactivos é simplesmente descarregado sobre as gerações
futuras? Os Estados estão dispostos a adoptar novos níveis de segurança e de integridade
física? E se assim é, quem é que os vai controlar? Perguntas cruciais das quais, observou
com realismo o representante da Santa Sé , deriva uma consideração iniludível , isto
é, sem transparência, segurança e integridade física não se podem perseguir com diligencia
absoluta. Visto que em jogo estão exigências de massima prioridade para cada ser
humano – como a tutela do ambiente da poluição, o risco de perda da biodiversidade,
os efeitos das mudanças climáticas ligadas ás emissões de gazes com efeito de estufa
e tudo aquilo que isto, a longo prazo pode provocar sobre a segurança alimentar -
o representante da Santa Sé convidou os estados e os governos a estudar politicas
de intervenção não só a nível técnico mas também cultural e ético . Se no breve período
– afirmou – medidas técnicas e legais são necessárias para a protecção do material
e dos sítios nucleares, bem como a prevenção de actos de terrorismo nuclear, cujos
eventuais efeitos devastadores são verdadeiramente difíceis de imaginar, então, a
longo prazo, são necessárias também medidas de prevenção, medidas que penetrem nas
mais profundas raízes culturais e sociais. Absolutamente necessários para a Santa
Sé são portanto programas de formação para a difusão de uma cultura de segurança e
integridade física tanto no sector nuclear como na consciência publica em geral.