RELATÓRIO DA CNBB REVELA NÚMEROS DA VIÔLENCIA CONTRA ÍNDIOS NO BRASIL
Brasília, 29 jun (RV) - O Conselho Indigenista Missionário (Cimi), organismo
da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), lançará nesta quarta-feira o
relatório "Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil", referente ao ano de 2010.
O relatório revela que em 2010, 92 crianças indígenas morreram por falta de
cuidados médicos ou condições adequadas de saúde da mãe na hora do parto; 60 indígenas
foram assassinados e outros 152 ameaçados de morte. Foram registrados 33 casos de
invasões possessórias e exploração ilegal de recursos naturais disponíveis em terras
indígenas.
Pelo terceiro ano consecutivo, o número de assassinatos registrados
chega a 60. O Mato Grosso do Sul tem a maior incidência com 34 casos, o que representa
56% do total. O Estado possui a segunda maior população indígena do país.
Os
índices de mortalidade infantil aumentaram 513% se comparados a 2009, quando foram
registrados 15 casos, com 15 vítimas. Somente o povo Xavante de Mato Grosso perdeu
60 crianças das 100 nascidas vivas. Todas vítimas de desnutrição, doenças respiratórias
e doenças infecciosas.
“Tudo continua igual. Algumas ocorrências aumentam,
outras diminuem ou permanecem iguais, mas o cenário é o mesmo e os fatores de violência
mantêm-se, reproduzindo os mesmos problemas”, avalia a antropóloga, Lúcia Helena Rangel,
coordenadora da pesquisa.
“Os indígenas continuam pregados na cruz, violentados
e assassinados, expulsos ou fraudados de suas terras ancestrais, reduzidos a párias
da sociedade, enxotados como animais, tratados como vagabundos de beira de estrada,
ou então confinados em verdadeiros currais humanos, sem mínimas condições de sobrevivência
física e muito menos cultural”, disse o presidente do Cimi, Dom Erwin Kräutler. (RB/CNBB)