PAQUISTÃO: MINISTÉRIO PARA AS MINORIAS RELIGIOSAS SERÁ DESATIVADO
Cidade do Vaticano, 29 jun (RV) – A medida, que entrará em vigor na próxima
sexta-feira, dividirá o atual Ministério. Haverá uma descentralização e as províncias
passarão a dividir competências. Até 2 de março, Shabaz Bhatti esteve à frente do
Ministério, quando foi assassinado por fundamentalistas islâmicos em razão de suas
políticas de defesa dos cristãos paquistaneses que voltam a temer novos ataques e
perseguições religiosas.
A colega da redação italiana, Francesca Sabatinelli,
conversou sobre o tema com o professor Shahid Mobeen, paquistanês que leciona na Pontifícia
Universidade Lateranense, em Roma.
"Penso que Shabhaz Bhatti tenha sido assassinado
pela segunda vez: a primeira, de forma física pelos fundamentalistas e a segunda,
pelo governo, com a descentralização do Ministério, que para ele era tão importante,
na verdade era uma obra dele".
Mas o que teria levado Islamabad tomar esta
decisão?
"Acredito que a retirada das tropas estadunidenses do Afeganistão
tenha conseqüências na política regional. Justamente por isso, penso que influi também
na questão das minorias do Paquistão.
Qual o significado da fragmentação do
Ministério para as minorias e também para os cristãos?
"No Paquistão existem
quatro regiões e cada uma tem seu governo, representado por mais de um partido político.
O Ministério será dado às regiões e cada parlamentar regional tomará as medidas em
relação às minorias. Como sabemos, as minorias representam a parte mais fraca, seja
em nível social com econômico, e a descentralização não promete nada de bom a elas.
Isso sem dizer que a cota de 5%, aprovada pelo ministro Shabhaz Bhatti, não foi aplicada
corretamente em nível federal. O sul do Paquistão, e o centro-sul em particular, serão
o coração das perseguições aos cristãos naquela região. Com o Ministério, as minorias
tinham representação no parlamento, em nível nacional, nos gabinetes dos ministros,
onde o ministro das minorias procurava defender os direitos e a promoção das minorias
e isso não será mais possível na política nacional". (RB)