Roma, 28 jun (RV) - A guerra não dá trégua no Estado de Kachin, no norte da
Mianmar. Enquanto a violência continua, colocando à dura prova a população civil,
faz-se caminho, através da Caritas Mianmar (Karuna) a solidariedade para com a população
étnica Kachin (um milhão de pessoas na maioria cristã). Sob condição de anonimato
por razões de segurança, um sacerdote da diocese de Myitkyina (que abrange o território
do Estado de Kachin) contou à agência Fides sobre a difícil situação em que vivem
os fiéis.
“As violências e os bombardeios continuam. O problema para os deslocados
é abandonar as suas colheitas, o que significa fome, sofrimento, ver desaparecer o
trabalho e sacrifício de um ano. As igrejas estão abertas para a acolhida, a Caritas
tem se mobilizado e em todas as dioceses estão organizando ajudas para a diocese de
Myitkyina, atingida pelo conflito. As notícias são fragmentárias, mas sabemos que
os sofrimentos dos civis continuam e os deslocados aumentam, são mais de 10 mil.
Tudo isso se torna ainda mais difícil pela estação das chuvas”, disse.
Atualmente,
informa ainda o sacerdote, há pelo menos 800 pessoas deslocadas acampadas em Myitkyina:
220 deslocadas na Igreja Católica de São José, 330 na Igreja Batista, e outros em
templos budistas espalhados ao redor dos vilarejos. Para alcançar os refugiados e
os civis que se encontram em áreas de conflito, isoladas das comunicações, são as
ondas da Rádio Veritas e de Radio Free Ásia. Rádio Veritas se dirige aos refugiados
encorajando-os e também os informando sobre o conflito, por vezes, convidando-os a
deixarem os territórios para sua segurança.
Por sua vez Dom Francis Daw Tang,
bispo de Myitkyina, muito preocupado com a situação dos fiéis de Kachin, falando à
Rádio Veritas lançou um apelo ao povo dizendo: “Eu rezo por vocês, meu pequeno rebanho,
e não vou deixá-los sozinhos. A Igreja está pronta para ajudá-los, nossas igrejas
e os fiéis vão recebê-los de braços abertos, para secar suas lágrimas e consolar a
sua dor. Permaneçam unidos, e carreguem os pesos de cada um, o Senhor está próximo.
Confiem n’Ele, todos nós continuamos a rezar pela paz”.
Enquanto isso no resto
de Mianmar não circulam notícias sobre o conflito em curso no Norte. O jornal oficial
do regime não fala ou quando o faz, joga a culpa das violências no exército rebelde
Kachin. (SP)