CARTA DA UNIVERSIDADE AL AZHAR SOBRE O FUTURO DO EGITO
Cairo, 27 jun (RV) - Não um estado religioso, mas constitucional, democrático
e moderno. Assim vê o novo Egito, a instituição de maior prestígio acadêmico do Islã
sunita, Al Azhar. O grande imã do centro, Ahmed El Tayeb – refere o jornal L'Osservatore
Romano - apresentou a nova “Carta de Valores de Al-Azhar”, na qual se delineia o futuro
das relações entre Estado e religião islâmica no Egito depois da revolução de 25 de
janeiro último, e que se baseia em uma visão moderada do Islã.
A Carta, composta
de onze artigos, é o resultado de uma discussão e confronto com intelectuais e ulemás.
A Sharia, lei islâmica – afirma a Carta - deve permanecer a fonte principal da legislação,
como prevê a atual Constituição, no respeito das demais religiões, às quais os fiéis
têm o direito de participar, assegurando a proteção aos locais de culto e a plena
liberdade de culto, sem quaisquer restrições.
De acordo com Al-Azhar deve ser
considerado um “crime contra a pátria” incitar o confronto inter-religioso entre muçulmanos
e coptas, como também é necessário lutar contra o uso político da religião. Entretanto,
lê-se ainda no jornal “L'Osservatore Romano”, as comunidades cristãs estão divididas
sobre novas regras para a construção de locais de culto no Egito.
Atualmente,
a lei estabelece que a permissão para construir uma igreja deve ser concedida pelo
Presidente. Decisões sobre os pedidos para novas igrejas podem, portanto, levar anos,
até décadas. Com base na nova lei, a solicitação passaria por primeiro pelo Governador
Geral para uma decisão no prazo de três meses.
O bispo copta de Assiut, no
Egito, é otimista: a nova proposta, se aprovada, tornaria um “pouco mais fácil construir
uma igreja no país. Para Dom Kyrillos Kamal William Samaan, de fato, a nova lei reduziria
o efeito das restrições à construção de igrejas e marcaria um passo importante para
os 10 milhões de cristãos no Egito. Uma visão diferente, refere o “L'Osservatore Romano”,
tem o padre Rafik Greich, porta-voz da Igreja Católica egípcia, que explica que há
diversas inconsistências na lei e pelo menos três pontos do projeto devem ser reexaminados.
(SP)